Bones In Traction: passando pelo “banco dos réus” do primeiro disco

Há muito tempo ouvi dizer que Mossoró é a cidade do rock no RN, um verdadeiro celeiro de bandas, esperando apenas a oportunidade de deslancharem no cenário underground do estado. Ao escutar o “…In the dock…” pude comprovar que o Bones In Traction é uma destas bandas em que a máxima que ouvi se aplica perfeitamente.

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Apesar de Mossoró ser conhecida no Rio Grande do Norte por seus festejos juninos, a cidade desponta como um berço da música pesada há um bom tempo, que o digam as bandas veteranas como Parole e Cätärro e as mais recentes como Monster Coyote e o Red Boots, estas já aclamadas e reconhecidas pelo público potiguar e de outros estados.

Contudo, vamos ao que realmente interessa aqui! O Bones In Traction – que tem seu nome inspirado por um dos versos da conhecida canção mouth for war do extinto Pantera – foi formado em 2013 e com um pouco mais de um ano de banda já lançou o seu primeiro registro físico, o EPextended play – intitulado de “…In the dock”, lançado pelo selo local Rising Records, o qual conta com seis faixas da mais pura agressão sonora aos tímpanos, ou seja: tudo o que agrada a qualquer apreciador de música pesada que gosta de bater cabeça.

...in the dock...O EP inicia com uma intro intitulada “God Bless”, a qual cativa a atenção por aparentar ser um confronto entre população e a forças de segurança do estado – polícia/ forças armadas – contando com uma bateria arrebatadora e fazendo com que em sessenta e quatro segundos a banda comece a dizer a que veio. Logo após chega a vez de “Grain by Grain” – a primeira música de fato do disco – onde se destaca novamente a bateria, que não cessa de ser espancada um segundo sequer, fato que conquista o ouvinte, além da surpresa contida na mesma: um trecho da música cantado em português, abrilhantando-a ainda mais.

A pancadaria continua com “Hell to the King”, a qual não pede licença para ser descarregada em forma de riffs enérgicos e bem executados. Na sequência é a vez de “Rubber Bullet”, carregada de peso e velocidade sendo mesclado com cadências ao longo da sua execução. O destaque fica por conta do seu solo de guitarra, que é executado em três momentos da canção.

Depression” é a quinta faixa e ela se inicia como quem não quer nada, mas logo surpreende o ouvinte com seu cadenciamento, lembrando profundos momentos de euforia e depressão, conforme sugere seu título. “Modern Man” é a faixa que fecha o disco, inclusive o faz muito bem, sendo ela – indiscutivelmente – a melhor música do álbum, pois ela faz um apanhado de todos os recursos técnicos e rítmicos que a banda utilizou nas faixas anteriores para compô-la com maestria.

A banda é um misto de influências dos mais variados grupos de Thrash Metal de sucesso mundial, ficando em evidência a sua inspiração mor pelo próprio Pantera, o qual influenciou até mesmo na escolha do nome para o grupo. O “…In the dock…” cumpre perfeitamente o seu papel como primeiro registro oficial da banda, assim como vai além e faz o ouvinte desejar logo que a banda lance um novo registro, mas agora no formato full-length, pois o Bones In Traction passou pela provação do “banco dos réus” com êxito e que venha agora mais destes potiguares, ajudando a fomentar a tradição da sua cidade e colocando-a no mapa da música pesada underground nacional e internacional.

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Bruno Oliveira
Agitador cultural, headbanger, colecionador de vinis, leitor de hq’s e um dos produtores do único bloco de Rock’n’Roll do carnaval de Pirangi, Atrasados Para Woodstock.
Bruno Oliveira

Bruno Oliveira

Agitador cultural, headbanger, colecionador de vinis, leitor de hq's e um dos produtores do único bloco de Rock'n'Roll do carnaval de Pirangi, Atrasados Para Woodstock.

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