Este final de semana, resolvi conferir as novas salas de cinema da rede Cinépolis em Natal. A programação em nada variava com a das demais franquias já estabelecidas na cidade, mas a curiosidade me levou ao cinema. O filme em questão foi “Como Não Perder Essa Mulher” (2013). Joseph Gordon-Levitt estreia como autor, dirigindo, escrevendo o roteiro e atuando num mesmo longa. O garoto de “10 Coisas que eu Odeio em você” (1999) e “500 Dias Com Ela” (2009) ou ainda “A Origem” (2009) além de ser o queridinho dos filmes românticos de plantão é um ator competente e mostrou uma nova faceta, a de criador.
Jon (Joseph Gordon-Levitt) é um desses típicos conquistadores, se importa com algumas poucas coisas na vida: seu apartamento, seu carro, sua família, sua academia, sua Igreja, suas garotas e sua pornografia. O protagonista vem de uma família de origem italiana, a mãe é uma dona de casa dedicada, o pai é um machão que passa o dia vendo futebol americano e a irmã não larga o celular. Embora goste bastante de mulheres e saia com muitas delas, porém sem compromissos mais sérios, Jon não se sente completamente satisfeito sexualmente e acaba recorrendo aos vídeos pornôs para, de fato, se satisfazer por completo.
Gordon-Levitt encarna bem o “Don Juan” baladeiro que tem pouco em massa cefálica e muito em músculo. Com um humor escrachado, o filme segue sem pudores ao falar sobre sexo, de pornografia e da objetificação feminina. Jon e seus amigos, Bobby (Rob Brown) e Danny (Jeremy Luke) vão a boates “caçar” e saem por ai dando nota as mulheres, até que em uma bela noite eles encontram a nota dez: Barbara Sugarman (Scarlett Johansson) e então as coisas começam a mudar.
Scarlett Johansson faz a mulher objeto, sonho de desejo masculino. Jon se segura pela nova namorada, por saber que ela é uma nota dez, aceita estudar a noite em uma faculdade, conhecer a família da moça, apresentar seus amigos e faz todas as vontades da garota. A recompensa vem, porém não da forma desejada: Jon ainda não se sente completo e recorre à pornografia, onde encontra tudo o que deseja. No entanto, sua namorada não gosta da ideia do namorado assistindo a vídeos pornôs e as coisas desandam, até que uma nova mulher surge na jogada, Esther (Juliane Moore).
O elenco é a parte forte do filme, aliás, Levitt cercou-se de bons atores em sua estreia, são nomes de peso, como Scarlett Johansson, Julianne Moore, Glenne Headly e Tony Danza. O núcleo da família do Jon é definitivamente a parte mais divertida do filme: o pai, Sr. Jon Martello (Tony Danza), totalmente alheio a tudo que não seja o jogo de futebol americano na TV; a mãe com sua voz engraçada e seus ataques histéricos a todo custo querendo que o filho ache uma boa moça; a irmã, Monica Martello (Brie Larson), passa todo o tempo do filme no celular e em sua única fala se mostra a mais lúcida dentre todos. Há que se elogiar Johansson, ela está ótima como a “garota nota dez” manipuladora e irritante que torra a paciência do namorado. Julianne Moore, com sua eterna cara de vítima, faz a problemática, porém divertida nova amante do protagonista.
O roteiro é simples e não tem pretensão de ser nem uma obra shakespereana ou algo do tipo, é um entretenimento que cumpre sua função. No entanto, preciso citar algumas problemáticas: o filme se propõe a falar sobre a sexualidade gratuita encontrada com frequência nas mídias e também questiona a relação disso nas pessoas, mas se perde no meio do caminho. A edição do filme começa rápida e ágil em corte entre cenas do filme, cenas de filmes pornôs e publicidades que exploram a sexualidade, mas ao longo da trama perde a cadência e segue em uma linha mais clássica, lógica e linear. Quanto ao desfecho, bem, o final também poderia ter sido mais bem elaborado, embora convença.
Por fim, tenho de confessar que apesar dos problemas, dei várias risadas com as comparações nonsense, porém pertinentes (para o universo masculino) sobre sexo nos filmes pornôs e na vida real. Joseph Gordon-Levitt no geral se saiu bem na direção, talvez tenha exagerado em alguns aspectos e tenha querido fazer algo que ainda não domina de todo. De um modo geral o filme agrada, faz rir e é um filme de casal, sim.
Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.