A corrida pelo Oscar já começou e os filmes Cinderela (Sandy Powell), Carol (Sandy Powell), A Garota Dinamarquesa (Paco Delgado), Mad Max (Jenny Beavan) e O Regresso (Jacqueline West) concorrem na categoria de melhor figurino (best costume design, em inglês). Vem conhecer um pouco mais sobre os indicados do dia 28 de fevereiro.
Cinderela
Com o figurino assinado pela experiente Sandy Powell, o filme Cinderela conta a história da personagem homônima dos contos de fadas.
O figurino possui referências estritamente do século XIX. As peças são em sua maioria vestidos que exibem o colo nu, espartilho (destaque na cintura fina que representa a feminilidade), saias rodadas, transparência e babados. Já no figurino masculino o dandismo se destaca pela calça de alfaiataria, botas e casacos.
Apesar do figurino belo, esse é dos indicados que poderiam ceder o seu espaço para algum filme em cuja narrativa a categoria é mais forte e que acabou ficando de fora. Contudo, tudo é possível até a meia-noite. Será que o conto de fadas leva a estatueta?
Carol
Mais um figurino assinado pela Sandy Powell, que concorre em dobro no Oscar deste ano, o filme Carol narra o romance entre a aristocrata nova-iorquina Carol (Cate Blanchet) e a intelectual Therese (Rooney Mara). Ambientado nos anos 50, o filme mostra o glamour e o luxo das socialites estadunidenses.
Nessa perspectiva vemos chapéus, casacos de pele e jóias. A personagem título interpretada por Blanchet quebra tabu e seu figurino reflete a mulher moderna da época. A palheta de cores da personagem, com azul, vermelho e laranja no figurino da aristocrata americana, confirma a imponência da personagem – com forte presença de unhas pintadas, batom e blusas vermelhas. A cor simboliza o empoderamento feminino.
A figurinista Sandy Powell já é uma velha conhecida da academia. Ela possui 12 indicações ao prêmio, vencendo três delas pelos filmes Shakespeare Apaixonado (1998), O Aviador (2005) e A Jovem Rainha Victoria (2010), além de ser conhecida pelos figurinos de Gangues de Nova York (2003) e Hugo Cabret (2013). Será que veremos Powell levar mais uma estatueta para casa?
A garota dinamarquesa
Ambientando nos anos 20, o filme destaca a transição entre o masculino e o feminino. É uma narrativa sensível que conversa com o figurino e o tempo. O objeto da categoria que discutimos é a peça chave do longa. A personagem Lili Elbe/Einar Mogens Wegener (Eddie Redmayne) mostra a partir de cada peça usada seus questionamentos sobre si mesma. O filme “A garota dinamarquesa” traz consigo a beleza andrógena que teve início nos anos 20 com vestidos midi, cortes longilíneos, a cintura na medida do quadril, chapéus e alfaiataria.
Está é a segunda indicação de Paco Delgado para categoria de melhor figurino, a primeira vez foi com o musical Os Miseráveis, de 2012. É possível que o figurinista espanhol finalmente teve para casa a sua merecida estatueta.
Mad Max: Fury Road
O filme de George Miller, uma das surpresas da premiação, é um dos favoritos a levar a estatueta de melhor figurino. Jennie Beavan, a figurinista do longa, também é outra velha conhecida da premiação. No seu currículo há 10 indicações para a categoria, tendo vencido apenas em 1985 pelo filme Uma janela para o amor.
O figurino do filme se destaca principalmente pelas cores claras, em sua maioria, que conversam com o ambiente apocalíptico do filme. A cor predominante é o branco, que caracteriza a necessidade de se usar um tom mais claro dentro de um ambiente mais quente. As peças masculinas, por sua vez, fazem referência ao militarismo refletindo a luta dos personagens nesse futuro apocalíptico. As cores branco e preto fazem oposição ao ambiente e ao tom terroso e quente do filme.
Lembrando que Mad Max também concorre nas categorias de melhor direção de arte e maquiagem. Será que leva?
O regresso
O queridinho da temporada tem como figurinista Jacqueline West, que já possui três indicações da Academia. Entre seus figurinos mais famosos, está o do filme O curioso caso de Benjamin Burton, de 2008.
Em O Regresso, o figurino recebe a conotação dark e utilitária que a história merece. As paletas de cores do figurino são verde escuro, marrom e preto, dotadas de casacos, sobretudos, sobreposição de peças, casacos e o elemento principal: a pele de animal distribuída em casacos e gorros. As cores das peças conversam com a necessidade de sobrevivência no ambiente frio e solitário. Ou seja, quanto mais escuro o figurino mais aquecido ele se torna.
E aí em quem você aposta para levar a estatueta? Só nos resta esperar até dia 28 para descobrir quem vai ser o vencedor do Oscar de melhor figurino de 2016.
Os ignorados pela Academia
Como todo ano, a Academia americana de Artes e Ciências Cinematográficas acaba deixando de fora alguns filmes nos quais o figurino é um dos maiores destaques na história. Esse ano não foi diferente, a exemplo de Trumbo, Brooklyn e Os 8 Odiados, que ficaram de fora da disputa pela estatueta de melhor figurino.
Trumbo narra a luta do roteirista Dalton Trumbo contra o Macarthismo nos anos 40 e 50. O figurino assinado por Daniel Orlandi (O Código Da Vinci e Jurassic World) ressalta a beleza da Era de Ouro no cinema ao destacar vestidos acinturados, saias midi, ternos, casacos, estampas discretas, chapéus e jóias.
Já o filme Brooklyn conta a história de amor entre uma imigrante irlandesa e um americano nos EUA dos anos 40. Odile Dicks-Mireaux (Doctor Who e Educação) foi responsável pelo figurino do longa. As peças são claras, saias rodadas sem ostentação e blusas fechadas. Era recessão na América e as mulheres davam seus primeiros passos em direção ao mercado de trabalho.
Em Os 8 Odiados, obra do ano de Tarantino, vemos o resgate do faroeste – um dos gêneros mais importante do cinema – no frio. A responsável pelo figurino é Courtney Hoffman (Django Livre). No longa, as peças são divididas entre tons amarelados e escurecidos. Calças, chapéus, lenços, gorros, pele e sobretudo formam o estilo dos personagens de Os 8 Odiados.
Definitivamente a ausência do filme Os 8 Odiados nesta categoria se tornou um dos maiores enganos da Academia.
Estudante de jornalismo, aspirante a figurinista e fã incondicional de Grace Codington, Anna Wintour, Nina Garcia e Miranda Priestly.
Frase favorita: “That’s all” .