Meu primeiro contato com o trabalho de Alyssa Monks, artista nascida em Nova Jersey e moradora de Nova Iorque, não foi contato: foi encanto. Vejam só:
Arrebatador. A artista, além do óleo sobre linho, também faz uso de outros suportes, como painéis e telas – apesar, claro, de não obter o mesmo etéreo e delicado resultado. Mas deixemos isso um pouco de lado. Poderia escrever vários parágrafos sobre a qualidade técnica dos seus trabalhos. No entanto, o que mais chama minha atenção é a sensualidade que a artista consegue imprimir nas expressões, a exploração das texturas, os enquadramentos escolhidos (e que, em contrapartida, representam a negação de infinitos outros, reflitam)… É a quase desconstrução do corpo humano por meio de filtros tão cotidianos como os vapores, a água, o vidro e o vinil.
Os mais recorrentes temas na obra da artista são a maternidade, a água – seja a do chuveiro, dos lagos, de banheiras ou mesmo do líquido amniótico -, a infância e o corpo. Não só (porém, especialmente) o corpo feminino, nu e sensual, como também o enrugado, contorcido e extremamente à vontade. São assuntos que percorrem toda a produção de Alyssa e estão presentes em vários dos seus experimentos em suportes e ângulos diversos.
Ao analisarmos sua obra em cronologia é evidente a gradual saída do realismo em direção a um abstracionismo cada vez mais expressivo, claro especialmente quando observamos o uso intenso e crescente de pinceladas carregadas (Van Gogh curtiria!) e sem a menor intenção de serem figurantes, mas parte central do quadro. Acho fantástico. É para mim um claro reflexo do seu amadurecimento como artista e do seu consequente desejo de sempre ir além e experimentar. Mais do que isso, fica latente a grande maestria de Alyssa, que consegue dar a esses quadros mais abstratos uma realidade ainda mais interessante e atrativa do que a do seu próprio e inicial realismo.
As telas que, no início da sua carreira, estavam mais próximas de um Norman Rockwell, hoje cada vez mais se distanciam de referências assim tão diretas e se acomodam num mundo criado pela artista. Que pena não eu ter a oportunidade de conferir uma de suas belíssimas telas pessoalmente, quem sabe um dia… Por enquanto, vamos nos contentar com as lindas imagens e reproduções!
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