Convenhamos, a Disney tem suas receitas e breguices, mas definitivamente, anda se modificando e melhorando a cada filme. Detona Ralph (Wreck-It Ralph), do calouro Rich Moore, é o 52º filme produzido pela Walt Disney Animation e difere em muito do primeiro, Branca de Neve e os sete anões (1938). Para começo de conversa, o mundo de Ralph não é um reino encantado, não há uma mocinha, um príncipe ou um vilão estigmatizado. Não espere encontrar um maniqueísmo explícito no filme. Temos, sim, personagens de ficção, mas tão bem desenvolvidos que chegamos a ficar apegados, no decorrer do filme.
Ralph é o suposto vilão de um jogo de gamestation, Conserta Félix Jr., já existente há mais de 30 anos. Sua função: destruir os apartamentos de um prédio, que logo em seguida são consertados pelo prodígio Félix Jr., herói do jogo e inimigo de Ralph. Contudo, o conflito reside no fato de que, nas horas livres, quando não está trabalhando destruindo o que Félix conserta, Ralph frequenta reuniões de vilões e tenta lidar com o fato de que não está satisfeito sendo sempre o personagem que faz coisas erradas e nunca ganha a simpatia dos jogadores ou dos demais personagens do jogo.
Ralph e Vanellope |
A partir da sua angústia e insatisfação, começa a saga de Ralph em busca de uma medalha de reconhecimento, que o certificará como um personagem de games tão bom quanto o adorado Félix. A saga do pseudo-vilão é temperada com humor, criatividade, originalidade e bastante nostalgia para os saudosos de clássicos como Super Mario, Sonic, PacMan, entre outros. A trilha sonora, quase toda composta especialmente para o filme por Henry Jackman, é um dos principais elementos da animação, sendo quase 100% baseada em jogos do fim dos anos 80 e início dos anos 90.
Outro destaque é a personagem Vanellope, uma menina fofa e bastante irritante, que se torna amiga de Ralph, e acaba, depois de um tempo, ganhando a simpatia do espectador. Não costumo elogiar as dublagens de filmes, mas tenho que tirar o chapéu para a de Detona Ralph, que encaixou perfeitamente o meme “É o meu jeitinho”, famoso nas mídias sociais, em uma das falas de Vanellope, dublada pela sub-celebridade da internet Marimoon. Eu, pessoalmente, adorei, e penso que nada poderia ter casado melhor com a personagem, tão adorável quanto metida, no contexto.
Não tem mais graça falar dos valores morais que são alimentados em animações infantis da Disney. Detona Ralph, obviamente, não foge disso, e nos faz pensar sobre igualdade, respeito, perseverança, generosidade, entre outros. Tudo isso é feito com muito bom gosto e com roteiro e desenvolvimento que cativam todas as idades, principalmente, arrisco-me a dizer, os maiores de vinte anos.
P.S.: Detona Ralph está na corrida do Oscar, indicado na categoria Melhor Filme de Animação. Mesmo tendo adorado-o, não é o meu favorito.
Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.
Uma das coisas que mais me chamou atenção em “Detona Ralph” foi, sem dúvidas, a maestria com a qual os detalhes foram postos. Vários acontecimentos no filme pareciam irrelevantes, mas, no final, eles se encadearam de tal modo a compor o desfecho. Achei genial! 🙂
[…] daqueles que recheavam o seu catálogo. Dois exemplos de produções resultantes desse período foi Detona Ralph (2012), assinada pela Disney, embora tenha muitos aspectos da Pixar incorporada, e Valente (2012), da […]