Na FliQ (Feira de Livros e Quadrinhos de Natal), o visitante pode visitar stands, ver uma palestra, bate-papo, pegar um autógrafo do escritor favorito ou entrar numa oficina. Entretanto, no centro do local, onde a feira acontece, há uma exposição que conta um pouco das Histórias em Quadrinhos (HQ’s) vindos da Espanha, que é influência para vários artistas de todo o mundo, devido aos traços e conteúdos originais.
Não é difícil o visitante se sentir atraído pelo enorme conteúdo na sua frente. O projeto é do Ministério da Educação espanhol, que vem para Natal atendendo ao pedido da embaixada do país hispânico no Brasil.
O nome da apresentação é “Tebeos: una España de viñetas”, que em português quer dizer “Tebeos: uma Espanha de Quadrinhos”. A exposição retrata o surgimento das primeiras revistas na região e a importância sociopolítica que tiveram. Além disso, traz obras originais e prints de diversos quadrinistas espanhóis.
O nome “Tebeos” é praticamente um sinônimo para comic books. O nome é a fonética das letras T, B e O na língua castelhana. Essas três letras formavam o nome de uma revista que foi publicada entre 1917 até 1998 (com algumas interrupções entre 1983-1986). A origem desta sigla vem da frase “Te Veo”, traduzindo: “Eu te Vejo”. É parecido com a origem do termo “gibi” no Brasil, que veio de uma revistinha de mesmo nome.
O conteúdo das HQ’s da TBO mostrava críticas aos acontecimentos nas terras espanholas e situações do cotidiano de forma bastante humorada. Estes assuntos ainda estão em pauta de tebeos mais recentes. Também há registros de trabalhos publicados na Espanha no início dos anos de 1900. O foco das produções era nas cidades de Barcelona e Madrid.
Os anos dourados destes gêneros literários foram na década de 40 e 50. Porém, na Guerra Civil Espanhola e na década de 1960, a produção teve uma queda. Durante o governo do General Francisco Franco, ele censurou a mídia (incluindo as HQ’s) e muitos profissionais tiveram que deixar suas cidades. Alguns chegaram a fazer sucesso nos Estados Unidos.
Após a morte do ditador, em meados da década de 1970, houve um aumento das tebeos, principalmente daquelas destinadas ao público adulto. A década de 80 foi um período em que surgiu a Feira Internacional de Quadrinhos de Barcelona. A história deste movimento artístico é bastante rica, complexa e curiosa, e a exposição que está na FliQ mostra um pouco da importância dele para a cultura espanhola.
O espaço foi dividido com relatos da origem, auge e como está atualmente a elaboração dos tebeos. Os textos apresentam cada momento através de um resumo simples, porém de forma bastante esclarecedora. Além disso, as explicações estão em espanhol, francês e português. Há ainda vários desenhos de diversos artistas da época de ouro e também outros da atualidade.
As obras expostas mostram a originalidade dos espanhóis e comprovam que eles são tão talentosos quanto os norte-americanos (alguns chegam até ser bem melhores, confesso). Vale a pena visitar e conhecer um pouco da cultura hispânica de quadrinhos. A “Tebeos: una España de viñetas” termina no encerramento da feira, que será nesta sexta-feira (24).
Primeiro dia da FliQ
A Feira de Livros e Quadrinhos (FliQ) abriu suas atividades nesta terça-feira (21) e acontece simultaneamente com a Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura (Cientec), promovida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Na cerimônia de abertura, houve entrega do Prêmio Cosern de Literatura de Cordel.
Os vencedores das três categorias existentes, “Ensino Fundamental”, “Ensino Médio” e “Livre”, respectivamente foram: Saulo Gabriel Q. de Souza, com o cordel “Vivendo e se Libertando”; Ohanna de Macena Dezidéria, com “Todo Cuidado é Pouco”; e Marciano Batista de Medeiros, com “Confissões de um Sedutor”.
Além disso, houve bate-papo com Lira Neto, escritor da biografia “Getúlio”, que conta a história do presidente da república mais polêmico que o Brasil já teve. Além disso, terá uma mesa-redonda com os integrantes do selo da K-Ótica, que lançaram uma nova obra na feira, e os quadrinistas Shiko e Mario Cau discutiram com os visitantes sobre trabalho autoral.
Falando sobre produção independente, os jovens do coletivo Lóki., Victor H. Macêdo e Pedro Cobiaco, discutiram com os visitantes sobre o assunto, contaram a história do grupo e lançaram a HQ deles. A turma conta com artistas de vários lugares do Brasil e é composta por pessoas entre 15 e 20 anos.
Ao ser questionado se venderam bastante revista, Victor Macêdo respondeu: “Caramba, sim. A gente vendeu tudo já (risos)”. Eles também cogitam lançar a publicação na internet. Além dos meninos, a equipe conta com João Montanaro, Jopa Moraes, Calvin Voichicoski, Nicole Kouts, Felipe Nunes, Matheus Aguiar, Julia Balthazar, Vika Albino e Gustavo Gomes Arruda.
Confira mais fotos da exposição e do primeiro dia da FliQ:
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Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.