Fuller House, a triste tentativa de reviver os anos 80

É com grande pesar que escrevo para dizer que, sim, Fuller House – o spin-off da sitcom Full House, de 1987 – é ruim. Desculpa a opinião negativa e os possíveis “spoillers”, mas é! Perdão, leitor que adorou a série (você existe? Já foi estudado?), mas sim, é ruim. E não é por tentar ressuscitar velhos “jargões” da década de 80 de maneira nada engraçada, ou por forçar a mistura de personagens antigos com personagens novos e muito menos por criar uma história em que duas famílias vão morar numa casa pra viver como uma só (e olha que eu sou bem adepto do poliamor). É pelo simples e triste fato de que Full House não entendeu que Fuller House era pra ser um spin-off, e não uma mistura louca que, no final, ninguém entende absolutamente nada. Ok. Não entendeu? Vou resumir.

A série começa com todos visitando a antiga casa dos Tanner, a família protagonista, e cogitando a venda do imóvel. Todos estão com a vida direcionada: apresentando TV, vivendo com DJ, produzindo eventos e etc. Nesse contexto entra DJ Tanner, veterinária e nova protagonista dessa da série, a filha mais velha de Danny Tanner. Ela é viúva de um bombeiro que faleceu recentemente, mas pouco é lembrado, e mãe de 3 crianças adoráveis: Jackson (o mais velho), Mike (o do meio – e a criança mais fofa do mundo) e Tommy (o bebê). Tudo tão igual à série original que até o bebê é interpretado por gêmeos.

Até aí, tudo bem. Não fosse pelo fato de que, antes de irem embora da casa, os antigos moradores “notam” que a mãe solteira está receosa em começar uma vida nova sem marido e com 3 crianças. Daí todos – literalmente todos, inclusive a vizinha, Kimmy – resolvem ajudar. Então, além da DJ e seus filhos, mudam-se para casa Stephanie Tenner, irmã do meio que também seguia carreira de DJ e, pasmem, a vizinha e ex melhor amiga da protagonista, que tem uma filha adolescente. E isso tudo é apenas no piloto, que faz vários cortes entre as cenas atuais e as cenas da década de 80, além de “indiretas” para as gêmeas Olsen, as únicas a se recusarem a participar desse remake (parabéns, meninas).

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Eu confesso que vi até o fim. Por dois motivos: Primeiro porque não costumo falar mal de algo que não conheço e, segundo, porque de fato, haviam momentos interessantes. O calcanhar de aquiles na série inteira é a terrível mania de tentar reviver a sitcom dos anos 80, com suas “brincadeiras”, referências e indiretas. Os personagens eram razoáveis, a história começou enveredando por bons caminhos e temas interessantes, mas, do nada, surgia um “tio Jesse” que viajava quilômetros para cuidar das crianças, ou uma “tia Rebecca” que TAMBÉM viajava quilômetros só porque adorava cuidar dos bebês. Gente, não tinha babá nessa cidade? Tudo isso é uma forma de forçar a inclusão dos personagens da série antiga na série nova. E, sim, literalmente forçar, porque em nada fazia sentido aquelas entradas e saídas abruptas. A partir daí, começaram a apelar para um romance de adolescência versus um romance de trabalho, este último o único que até parecia interessante; festas sem fim (discoteca, 15 anos, casamento, festa indiana); um divórcio que deixa de ser divórcio e vira noivado… enfim. Nada conseguia ligar nada a coisa nenhuma. Pior que isso, só Shadowhunters (aguardem os próximos comentários).

Por fim, fica aqui meu lamento e uma gotinha de esperança. A série foi renovada pela Netflix, apesar das muitas críticas. Então, espero que nessa nova temporada parem de tentar resgatar uma história de 29 anos atrás e criem uma história própria. Os personagens são maravilhosos. As crianças são as estrelas da série e o que realmente prendem a audiência (corações eternos para o pequeno Max). As meninas/mulheres e seus romances podem se mais maduros e melhor trabalhados. Uma coisa é fazer remake, galera; outra coisa é tentar bater duas séries num liquidificador e tentar fazer algo que deu certo. Já deu de Full House. O piloto já teria sido suficiente para relembrar, sorrir e sentir saudade. Agora é olhar para frente e construir a nova história da família Tanner com, de fato, novas histórias. 

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Max escolhendo os cachorros: cena mais fofa da série (e da vida)

Acredito que essa segunda temporada pode engatar e, apesar de tudo, não deixo de recomendar que assistam Fuller House. Mas tenham estômago. Como os episódios são poucos e curtinhos, façam pelas crianças! Façam pelo Max escolhendo cachorros, a cena mais fofa dessa vida! E, claro, vamos esperar que venham melhores episódios por aí!

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Helder Siqueira
Um capricorniano perfeccionista, cheio de manias e viciado em séries, filmes, livros, quadrinhos e desenhos animados. Joga búzios, tira cartas, roda o compasso, traz a pessoa amada em três dias e escreve diariamente para a coluna “Extra!” , além de ser Gerente de Marketing e Finanças neste mesmo Bat-Site.
Helder Siqueira

Helder Siqueira

Um capricorniano perfeccionista, cheio de manias e viciado em séries, filmes, livros, quadrinhos e desenhos animados. Joga búzios, tira cartas, roda o compasso, traz a pessoa amada em três dias e escreve diariamente para a coluna "Extra!" , além de ser Gerente de Marketing e Finanças neste mesmo Bat-Site.

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maria eduarda
maria eduarda
5 anos atrás

olha, achei sua critica péssima… um spin-of é meio que um”back” na série! achei a ideia ótima, realmente quem não sentiu saudade de uma série dessas?! a ideia original era fazer uma série com os mesmos intuitos porém crescido revivendo os mesmos personagens

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