Globo de Ouro 2013: Entre Zebras e Azarões, Jodie Foster foi a melhor parte da Noite

É hora de estender o tapete vermelho, porque a temporada de premiações norte-americanas começou! Os atores, produtores e realizadores de cinema e televisão se reuniram neste último domingo em Los Angeles, para a 70ª entrega dos Globos de Ouro, pela Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood. A apresentação ficou por conta das atrizes: Tina Fey (30 Rock) e Amy Poehler (Parks and Recreation), a cerimônia foi morna, com festa do azarão Argo.

Se você enche a boca pra falar que filme bom é europeu e que premiações só servem pra indústria hollywoodiana manter-se viva, lançando filmes enlatados mundo afora e enricando os bolsos dos produtores Los Angeles adentro, mas, ainda assim, fica acordado até tarde da noite discordando dos eleitos pelos jurados, junte-se ao clube! Dentre as zilhões de premiações o Globo de Ouro é a mais divertida pra mim, porque prestigia a TV e o cinema, além de ser escolhida por jornalistas e críticos de filme do mundo todo, o que passa “toda uma credibilidade”.

Antes de julgar X ou Y, eu tentei assistir a maioria dos filmes (disponível para download) concorrentes, infelizmente nem todos estavam disponíveis no link mais próximo, digo na sala de cinema mais próxima. O fail da noite, foi a pompa e circunstância criada sobre Lincoln. Spielberg preparou o terreno quando fosse subir ao palco ao receber o prêmio de melhor filme, com direito a discurso sobre igualdade e justiça em seu país, tanto que chamou o ex-presidente Bill Clinton para apresentar o clipe do longa na cerimônia. Pois é, Steve, não foi dessa vez, esse negócio de falar de figuras importantes na história norte-americana num ‘tá com nada, conversa com a Kathryn Bigelow pr’ela te dar uns toques, porque o negócio agora é a guerra contra o terrorismo e ponto final.

Um lance curioso do Globo de Ouro é que eles dividem os filmes em drama e comédia/musical, com a premissa de dar vez a mais filmes. Eu particularmente discordo, afinal filme é bom ou ruim, independente do seu gênero. Os indicados na categoria comédia/musical eram: Os Miseráveis, produção britânica, baseada em um musical inspirado na obra de Victor Hugo, que no fim das contas tem só a Revolução Francesa como pano de fundo pra um monte de cantoria; O Exótico Hotel Marigold, produção também britânica com um elenco talentosíssimo de atores consagrados de meia idade, rodado na Índia; Moonrise Kingdom, filme simpático de Wes Andreson, comentando aqui n’O Chaplin; Amor Impossível, com Ewan McGregor e Emily Blunt no Iêmen, e por fim, O Lado Bom da Vida, este ao meu ver, o mais interessante dentre os concorrentes, apesar de Bradley Cooper no elenco.

Os Miseráveis: Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Amanda Seyfried, Eddie Redmayer, Anne Hathaway e Hugh Jackman

O prêmio ficou nas mãos do musical dirigido por Tom Hooper (O Discurso do Rei), Os Miseráveis conta com um elenco famoso e afinado: Amanda Seyfried; Russell Crowe; Hugh Jackman e Anne Hathaway, os dois últimos foram premiados, respectivamente, nas categorias de: melhor ator e atriz de comédia/musical. O que esperar sobre esse filme, vocês conferem no texto da Andressa, aqui.

Django Livre, novo trabalho do amado e odiado diretor Quentin Tarantino, concorria em cinco categorias: filme de drama; roteiro; diretor e ator coadjuvante com Leonardo Di Caprio e Christoph Waltz. O longa que é uma homenagem aos westerns spaghetti, saiu-se muito bem, obrigado, abocanhando os prêmios de roteiro e ator coadjuvante para Waltz.

Favoritismo de Daniel Day-Lewis fez valer no Globo de Ouro

Daniel Day-Lewis era o único prêmio certo da noite, quem apostasse nele venceria, o irlandês é merecedor de todo o favoritismo e levou o globo de ouro; único prêmio da noite para Lincoln; de melhor ator de drama.

Assistir a premiações com tradução simultâneas e comentários de Rubens Edward Filho, às vezes, tem sua graça, quando Jessica Chastain, uma nobody até ano passado, foi receber o prêmio de melhor atriz de drama por seu trabalho em A Hora Mais Escura, o crítico destilou todo o seu veneno: “´É aquele tipo de atriz que surge do nada, faz seis filmes em um ano, depois mais dois e some. São coisas de Hollywood que a gente tem de aguentar”. Rubens, não poderia concordar mais contigo.

A talentosa e linda Jennifer Lawrence largou o arco e flecha dos Jogos Vorazes para dar vazão a problemática Tiffany em O Lado Bom da Vida, por sua interpretação ela levou o prêmio de melhor atriz de comédia.

Ben Affleck levou os principais prêmios da noite com Argo

Argo é o nome do planeta em que se passa o filme fictício inventado por um agente da CIA para prospectar locações no Irã. Sabe aquele lance do não mexe na revolução do país alheio? Pois é, os EUA nunca entenderam. O longa-metragem é baseados em fatos reais, a trama gira em torno de um oficial da CIA que quer resgatar diplomatas norte-americanos que se encontram após darem asilo ao Xá deposto e viram alvo da revolta dos iranianos tendo que se refugiar na embaixada canadense. Eu vi o filme e gostei bastante, tanto das atuações, quanto do roteiro e da direção de Ben Affleck que também atua. Merecedor dos prêmios de filme de drama e direção, o azarão da noite ganha mais força na corrida do Oscar.

Michael Haneke é o queridinho de Cannes e vem ganhando cada vez mais espaço em Hollywood, Amor foi considerado pela crítica especializada o melhor filme do ano (passado). Eu ainda não vi, mas a julgar por seus trabalhos anteriores, acredito me deparar com uma história difícil e sensível a sua maneira. O longa-metragem austríaco venceu na categoria filme estrangeiro.

Os indicados a animação eram: Frankenweenie, obra de Tim Burton; Hotel Transilvânia, filme já comentado aqui; A Origem dos Guardiões, saca a crítica da Andresa aqui; Detona Ralph, este em cartaz, e a produção da Pixar, Valente. Acho que essa foi a categoria que eu mais estou familiarizada, por ter visto quatro dos cinco indicados e globo de ouro foi para Pixar, digo, para Valente que é fofo, mas ta longe de ser melhor que o stop-motion de Tim Burton ou delicado como A Origem dos Guardiões.

Adele levou o prêmio de canção-original por Skyfall

Recém saída da licença maternidade, Adele deu o ar da graça na premiação. Indicada na categoria de canção original por “Skyfall”, trilha do ótimo 007- Operação Skyfall. A cantora inglesa levou o prêmio e de quebra ainda conheceu “Daniel fucking Day-Lewis” como a mesma postou em sua conta no Twitter. Pra não dizer que As Aventurasde Pi saiu de mãos abanando, Mychael Danna, levou a melhor trilha sonora.

Jodie Foster foi a homenageada pela carreira

O Globo de Ouro, bem como as demais premiações, tem o momento de homenagear a carreira dos atores e colaboradores do cinema em geral. Este ano, a atriz, produtora e diretora Jodie Foster recebeu o prêmio Cecil B. Demille, normalmente essa honraria é concedida a atores de idade mais avançada, mas pra alguém de seus cinquenta anos de idade e quarenta e sete de carreira, Jodie é uma jovem veterana. A vencedora de dois Oscars (Acusados e O Silêncio dos Inocentes), Foster começou sua carreira ainda criança em produções para Tv e logo estava em produções de diretores renomados como “Taxi Driver”.

Centrada e reservada, o cenário estava armado para que ela “saísse do armário”, mas em seu discurso não se ouviu um “I’m gay and proud”, nada disso. Jodie, que é casada com a produtora Cydney Bernard e tem dois filhos, fez um discurso sobre o direito a privacidade e brincou: “Dizem que toda celebridade tem que compartilhar atualmente sua vida pessoal com uma roda de jornalistas. Falando sério, talvez, se vocês estivessem trabalhando neste negócio desde crianças como eu, dariam valor à privacidade como dou”. Ao finalizar seu discurso, agradeceu à família e em especial a sua mãe. Foster arrancou lágrimas e aplausos dos colegas de trabalho presentes.

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Leila de Melo
Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.
Leila de Melo

Leila de Melo

Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.

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