Já estou com saudades é um raro equilíbrio entre drama e comédia

Já estou com saudades gira em torno da amizade entre Jess (Drew Barrymore) e Milly (Toni Collete). Após uma bela introdução das personagens, mostrando como elas se conheceram e seus ritos de passagem juntas, chega a idade adulta das inseparáveis amigas: empregos, gravidez, filhos, família e… câncer.

Milly é o tipo mais louquinho. Não que Jess seja uma santa. O roteiro procura evitar estereótipos. Ela é sempre a primeira em tudo: beijo, transa e até mesmo na gravidez (indesejada). Apesar de levar a vida de maneira um tanto despreocupada, o destino parece ajudá-la e de decisões impulsivas Milly consegue um bom emprego e uma família (marido e dois filhos) feliz. Enquanto isso, Jess tem um emprego que não paga tão bem, mora em um barco no cais e tem dificuldades para engravidar.

As coisas mudam um pouco de figura quando Milly se descobre com câncer e tem um breakdown emocional. Paralelamente, Jess, através de um tratamento de fertilidade, pago com dificuldade por ela e seu marido, consegue finalmente engravidar. A partir daí o filme, que tinha tudo para ser apenas mais um chick flick, mostra suas maiores qualidades.

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É realmente impressionante como a diretora Catherine Hardwicke (Os Reis de Dogtown e Crepúsculo) consegue um equilíbrio raro entre momentos dramáticos e cômicos. As chances de o espectador gargalhar com lágrimas nos olhos são grandes. As transições entre esses momentos não são nem mesmo suaves, mas funcionam. E como funcionam! Talvez por ser um espelho tão fiel da vida. Não temos garantia nenhuma de que nossa próxima cena será triste, alegre, tensa, dramática, cômica… mas temos que vivê-la.

O filme não vai entrar em nenhuma lista de melhores do ano, nem figurar com destaque na temporada de premiações. Seu aspecto técnico é apenas correto e sua grande façanha é não comprometer o que as atuações de Barrymore e Collete nos oferecem. Já estou com saudades nos leva numa viagem emocional, onde quase todos os receptores de emoções são ativados em algum momento.

Apesar de contar com poucas sessões na cidade (apenas uma, na verdade, no Cinépolis Natal Shopping) é uma pequena joia, uma grata surpresa, que vale a pena ser vista nessa passagem entre 2015 e 2016. Esqueça o título, ignore a sinopse e tire um tempinho para vê-lo.

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Victor Hugo Roque
Victor Hugo Roque

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