Jogos Vorazes: A Esperança – O Final é o encerramento digno da série de filmes

“Nos Jogos Vorazes não há vencedores apenas sobreviventes” essa é a filosofia de todos os filmes desta tetralogia (na verdade uma trilogia nos livros) e também o princípio que rege o resultado de todas as guerras reais, tornando a temática de um futuro distópico, tão fiel aos conflitos atuais. Há apenas sobreviventes e Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) chegou até o fim desta jornada como uma personagem feminina bem construída, forte, inspiradora e humana, uma raridade em se tratando de Hollywood onde mulheres, na maioria das vezes, são retratadas como enfeite, “versão de saias” de algum personagem masculino brutamontes ou ainda pior, são sexualizadas.

“Jogos Vorazes: A Esperança – O final” é a continuação do filme de 2014 (resenhado aqui) baseado no livro “A Esperança”, último da saga de Suzanne Collins, que a exemplo de outras sagas como Harry Potter, teve seu capítulo final dividido em duas partes com mais ou menos duas horas de duração cada. Apesar de ser fiel à história original do livro, não carrega o mesmo enfado na sua narrativa (a pior da saga) que parece querer focar mais no triângulo amoroso entre os personagens do que nos problemas reais enfrentados pelos envolvidos em uma guerra.

"Sou protagonista de uma das sagas teen mais rentáveis dos últimos tempos e passamos no teste de Bechdel"
“Sou mulher e protagonista de uma das sagas teen mais rentáveis dos últimos tempos, também passamos no teste de Bechdel.

O comecinho do longa parece formado de restos não aproveitados para o final do filme anterior, em que na cena final ela é atacada por um Peeta Mellark (Josh Hutcherson ) ensandecido, dando a impressão a quem assiste que a Parte 1 foi encerrada de qualquer jeito e apenas colada na segunda parte. Passado o desconforto, o que vemos é Katniss tentando livrar-se do fardo de ser o “tordo“, símbolo que motiva as pessoas a lutarem contra o domínio da Capital e do presidente Snow (Donald Sutherland), em busca de tomar parte nessa luta.

"Apesar da roupinha vermelha eu não apareço nenhuma vez com ela"
“Apesar da roupinha vermelha eu não apareço nenhuma vez com ela”

Os cenários são bem impressionantes e o clima é mais soturno do que no filme anterior, reforçado pela fotografia e pela falta da trilha sonora pop, que curiosamente não foi nem lançada por fora, pelo entendimento de que os dois filmes são uma coisa só e compartilham da trilha escolhida a dedo por Lorde em 2014. Ao contrário do livro, que é narrado em primeira pessoa por Katniss, as adaptações para o cinema não contam com os pensamentos da personagem valendo-se da atuação perfeita da atriz, repleta de micro-expressões nas cenas de grandes emoções.

Um ponto que chamaria atenção seriam as cenas que envolvem Philip Seymour Hoffman, falecido em fevereiro de 2014, que interpretou o idealizador dos jogos e um dos líderes da revolução Plutarch Heavensbee do 13º distrito, mas que passam batidas a quem está assistindo sem que se note defeito algum de GCI – a maioria delas foi gravada pelo ator antes de sua morte e apenas inseridas juntamente com os outros personagens.

Destaque para a participação de Gwendoline Christie (Game of Thrones) como a comandante Lymme do exército dos rebeldes, e para Natalie Dormer (Game of Thrones) como a personagem Créssida, uma videomaker que filma Katniss para as propagandas do Distrito 13, comandado pela presidente Alma Coin (Julianne Moore). A escolha de uma atriz negra para a personagem da comandante Paylor (Patina Miller) também é outro ponto alto do filme.

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Patina Miller é a comandante Paylor

Apesar de não ter o mesmo impacto cheio de ação de “Em Chamas”, a cena de luta final é a melhor entre todos os filmes da série. Definitivamente, o filme é um encerramento digno para a franquia e vale a pena sim ser colocado na lista dos que devem ser vistos no cinema em 2015. “Jogos Vorazes: A Esperança – O Final” não possui retomada de cenas, ou seja, não pode ser visto sem a primeira parte, e uma dica é assistir ao primeiro filme que está disponível no catálogo do Netflix.

Veja o Trailer:

 

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Emilly Lacerda
Dotada de um humor estranho e viciada na busca por música nova. Ama HQ, gibi e as demais coisas que envolvem literatura e arte. Formada em Jornalismo e Rádio & TV na UFRN. E cursando Letras na UFPI.
Emilly Lacerda

Emilly Lacerda

Dotada de um humor estranho e viciada na busca por música nova. Ama HQ, gibi e as demais coisas que envolvem literatura e arte. Formada em Jornalismo e Rádio & TV na UFRN. E cursando Letras na UFPI.

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