Lista: Especial Sexta-feira 13

O Susto é Eterno: O Chaplin abre sua caixa preta e lista os maiores filmes do gênero Horror

O gênero Horror é uma das vertentes mais antigas e populares da sétima arte. Um tema praticamente concebido com o próprio advento do cinema. Basta lembrar a reação do público em 1895, durante a exibição de “A chegada de um trem na estação”, dos irmãos Lumiére. O espanto foi geral naqueles sortudos franceses.

 

Georges Méliès, um dos primeiros diretores da história, explorou com entusiasmo personagens como caveiras, demônios e figuras que retratavam a morte. Com o passar das décadas, a evolução da técnica e da linguagem cinematográfica acompanhou o tema, cada vez mais influenciado pelas demandas culturais, sociais e políticas de cada época.

 

Cena clássica de “Psicose”, de Alfred Hitchcock

No ensaio “A Filosofia do Horror ou Paradoxos do Coração”, o crítico literário Noël Carroll avalia que a narrativa do horror depende de um elemento: o monstro. Segundo Carroll, essa figura pode ser um vampiro, um demônio ou o próprio homem, contanto que apresente duas características: ser abominável (visualmente ou psicologicamente) e perigoso para a coletividade. Assim, monstro é aquele ser capaz de romper uma normalidade, um padrão, e com isso nos trazer o medo. É como se explica o surgimento de personagens no cinema como Norman Bates, Fredy Krueger, Zumbis… E claro, o trem filmado pelos Lumiére.

 

Do expressionismo alemão aos monstros da Universal, inúmeros artistas contribuíram na consolidação do gênero: De Lang a Argento, Barker a Ivan Cardoso, todos foram operários dessa forma de explorar o desconhecido e o sombrio presente na condição humana.

Por fim, é sexta-feira 13, o famoso dia de inspiração para o temor e o obscuro. Para exorcizar essa data, O Chaplin faz um breve passeio pela história do horror no cinema e elabora uma pequena lista com produções que marcaram o gênero:

Nosferatu (1922)

 

Schreck como o vampiro que anuncia a peste

Esqueçam o vampiro sedutor e galã. Ainda no cinema mudo e com poucos recursos, Murnau transmitiu o medonho através das imagens do perverso Conde Orlok (Max Schreck). Com o tempo, a lenda do vampiro ficaria imortalizada na interpretação de outros astros como Bela Lugosi, Christopher Lee e Gary Oldman. Em 1979, Werner Herzog dirigiu a refilmagem “Nosferatu – O Vampiro da Noite”.

Cena clássica: Nosferatu surgindo do caixão

Psicose (1960)

 

“Ele não faria mal a uma mosca”, é o que diz sua mamãe

Vindo de um sucesso nas bilheterias com “Intriga Internacional”, o diretor inglês Alfred Hitchcock apostou em um filme de baixo orçamento inspirado na história do serial killer Ed Gein. Hitch estava certo e “Psicose” tornou-se a obra mais popular e rentável de sua carreira. Um clássico capaz de reinventar o gênero e despertar o olhar dos grandes estúdios para produções de terror. “Psicose” ganhou quatro sequências e a apedrejada refilmagem de 1998, cometida por Gus Van Sant. Recentemente, foi lançado “Hitchcock” (sobre os bastidores das filmagens do filme original) e uma série de TV chamada “Bates Motel”.

Cena de clássica: alguém conseguiu tomar um banho tranquilo depois da famosa “cena do chuveiro”?

À Meia-Noite Levarei sua Alma (1964)

 

Zé do Caixão (José Mojica) desdenha de Deus e do diabo

José Mojica Marins concebeu o personagem Zé do Caixão depois de um pesadelo. Curiosamente, outro ator deveria personificar o agente funerário. Como ele não pôde, coube a Mojica encarnar o personagem brasileiro mais conhecido no mundo do horror. Na história, Coffin Joe (como ficou conhecido décadas depois nos Estados Unidos) procura a mulher que lhe dê o filho perfeito. “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1967) e “Encarnação do Demônio” (2008) fecham a trilogia.

 

Cena clássica: Zé do Caixão saboreia uma enorme peça de carne enquanto assiste a uma procissão (em plena Semana Santa).

O Bebê de Rosemary (1968)

Rosemary (Mia Farrow) tenta ninar seu “bebê”

Seitas satânicas, paranoia, artistas de hollywood fazendo pactos com o demo, fim da geração paz e amorMisture tudo isso e você tem a obra máxima da “Trilogia do Apartamento” de Roman Polanski, que inclui “Repulsa ao Sexo” (1965) e “O Inquilino” (1976). Até hoje, o diretor afirma que seu filme fala sobre depressão pós-parto. “O Bebê de Rosemary” é marcado por tragédias: pouco tempo depois das gravações do filme, a esposa de Polanski, a atriz Sharon Tate, foi brutalmente assassinada pela seita do fanático Charles Manson. John Lennon foi assassinado em frente ao hotel Dakota, prédio que serviu de locação para o filme.

Cena clássica: o momento de amor (?) de Rosemary com o “coisa ruim”.

A Noite dos Mortos Vivos (1968)

 

Pode ser histeria, fim do mundo ou paranoia nuclear: os mortos se levantam

Os mortos caminham e estão famintos. Abusando da fotografia P&B e da insanidade, George A. Romero catapultou aquela que seria a produção ícone quando o assunto é zumbi. No enredo, um casal de irmãos vai visitar um familiar em um cemitério quando são atacados por um desconhecido. Daí em diante, Romero extrapola o tema enclausurando um grupo de pessoas em uma casa abandonada. Continuações, refilmagens e muitas cópias surgiram com o tempo.

 

Cena clássica: Toda a sequencia final do filme te deixa sem chão.

O Exorcista (1973)

Boatos afirmam que a personagem Reagan (Linda Blair) seria uma alusão ao presidente americano Ronald Reagan

Se o diabo é pai do rock, ele deve ter tirado uma de produtor executivo de hollywood neste trabalho de William Friedkin. A barra pesa quando a inocente Regan inicia uma série de comportamentos anormais. A ciência tenta dar um jeito e falha. Restou a mãe da criança chamar os camisas 10 do exorcismo, padre Merrin e Damian. A atriz Mercedes McCambridge (a inimiga de Joan Crawford em Johnny Guitar) é quem dubla a voz demoníaca de Linda Blair.

 

Cena clássica: o que falar da cabeça do Pazuzu/Regan girando?

O Massacre da Serra Elétrica (1974)

 

A dança da moto serra de Letherface (Gunnar Hansen)

Chocante e perturbador são palavras adequadas ao filho de Tobe Hooper. Hippies fatiados por uma família canibal onde um de seus integrantes usa uma moto serra (?!). Hooper chuta o balde e inaugura a produção que influenciaria linhagens mais extremas do horror como o “Slasher” e o “Gore”. Definitivamente, Massacre anuncia o fim do sonho americano e prevê a era conservadora dos 1980. Dessa época destacamos produções semelhantes como “Quadrilha de Sádicos” (1977) de Wes Craven e “Halloween – A Noite do Terror” (1978) de John Carpenter.

Cena de destaque: O alucinado Letherface dançando com sua querida moto serra.

Alien, o Oitavo Passageiro (1979)

 

A tenente Ripley (Sigourney Weaver) encerra a imagem da mocinha indefesa

“No espaço ninguém pode ouvir você gritar”. É com este chamativo slogan que Ridley Scott destila uma história sufocante e tensa até seu último segundo. Tudo começa quando um dos tripulantes da nave Nostromo é atacado por um ser estranho. Em meio ao silêncio e corredores frios, um monstro começa a caçar pessoa por pessoa. “Alien…” inverte o papel do herói e coloca a tenente Ripley (Sigourney Weaver) como coadjuvante. Determinada e forte, Ripley é uma das grandes heroínas do horror e da ficção. Outro ponto alto da produção é o monstro gerado pela mente do artista plástico suíço Hans Ruedi Giger.

Cena clássica: O “nascimento” do bebê alien.

Iluminado (1980)

 

“Muito trabalho e pouca diversão faz de Jack um cara bobão”

Com “Carrie”, de Brian de Palma, o escritor Stephen King caiu nas graças do público. Depois disso, outros livros seus foram parar nas telonas, mas nenhum superou a obra do meticuloso Stanley Kubrick. Jack Nicholson caiu como uma luva no papel do pai de uma família isolada em hotel no meio do nada. Nicholson aproveita a chance de Kubrick e liga seu “loucômetro” no nível mais alto para atormentar a vida de Wendy (Shelley Duvall) e de seu filho Danny (Danny Lloyd).

Cena clássica: Jack Torrance abrindo a porta com golpes de machado.

O Silêncio dos Inocentes (1991)

 

Dr. Lecter (Anthony Hopkins) ajuda o FBI, mas isso lhe dá fome

Jonathan Demme é formado na escola do mestre das produções “Z”, Roger Corman. Basta lembrar que nos estúdios de Corman nasceram bambas como Francis Ford Coppola, James Cameron e Jack Nicholson. Em sua carreira, Demme rodou exploitations como “Celas em Chamas” (1974), Crazy Mama (1975), clipes musicais e ainda atuou em “O Incrível Homem Que Derreteu” (1977). Depois de rodar muito, ele quebrou tudo com a história da agente do FBI (Jodie Foster) destacada para encontrar um assassino que arranca a pele de suas vítimas. Para entender como ele pensa, ela procura a ajuda de um perigoso psicopata, Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins).

Cena clássica: a fuga do Dr. Hannibal Lecter.

Confira o pesadelos (ops) filmes de horror preferidos dos membros da equipe d’O Chaplin:
 

Jonathan de Assis

 

1. O Exorcista (William Friedkin, 1973)

2. O Sexto Sentido (M. Night Shyamalan, 1999)

3. O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980)

4. A Hora do Lobo (Ingmar Bergman, 1968)

5. Alien – o 8° Passageiro (Ridley Scott, 1979) e Audition (Takashi Miike, 1999)

 

Jaime Guimarães

 

1. Poltergeist – O fenômeno (Tobe Hooper, 1982)

2. Espíritos – A morte está ao lado (Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom, 2004)

3. Ninjas (Dennison Ramalho, 2010)

4. A tempestade do Século (Craig R. Baxley, 1999)

5. Uma Noite Alucinante (Sam Raimi, 1981)

 

Bruno Oliveira

 

1. A Noite dos Mortos Vivos (George Romero, 1968)

2. O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980)

3. Coração Satânico (Alan Parker, 1987)

4. Drácula de Bram Stoker (Francis Ford Coppola, 1992)

5. Alma Perdida (David S. Goyer, 2009)

 

Ana Clara Monteiro

 

1. O Exorcista (William Friedkin, 1973)

2. O Bebê de Rosemary (Roman Polanski, 1968)

3. O Labirinto do Fauno (Guillermo del Toro, 2006)

4. A Órfã (Jaume Collet-Serra, 2009)

5. A Hora do Pesadelo (Wes Craven, 1984)

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Antonio Laudenir
Graduando em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará, atua em veículos de comunicação impressa e virtual nas áreas de jornalismo cultural, comunicação alternativa e sindical. Foi bolsista do Programa “Rumos Jornalismo Cultural” (Itaú Cultural – SP) e integrou o projeto “Novos Talentos” do Jornal O Povo (CE). É estagiário da Metamorfose Comunicação (CE).
Antonio Laudenir

Antonio Laudenir

Graduando em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará, atua em veículos de comunicação impressa e virtual nas áreas de jornalismo cultural, comunicação alternativa e sindical. Foi bolsista do Programa "Rumos Jornalismo Cultural" (Itaú Cultural - SP) e integrou o projeto "Novos Talentos" do Jornal O Povo (CE). É estagiário da Metamorfose Comunicação (CE).

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