Mesmo vivendo em pleno século XXI, pelo menos para algumas pessoas, ver um casal que foge do padrão em ruas, praças e parques ainda é motivo de olhares tortos e cochichos maldosos. E Loving trata exatamente disto: é a história real do casal interracial Mildred e Richard Loving que, durante a segregação racial nos Estados Unidos, na primeira metade do último século, decidem se casar. Ambos ferem a paz pública simplesmente por dormirem na mesma casa e demonstrarem afeto em público, tendo sido presos arbitrariamente e terem sofrido tanto preconceito que entram com um processo contra o Estado.
Devo confessar que Loving é um filme muito longo. No entanto, o filme recompensa por trazer preciosas reflexões ao espectador. A obra é assinada por Jeff Nichols (de Amor Bandido, 2012) tanto na direção quanto no roteiro e merece as previsões às premiações que estão por vir, entre outros aspectos, por mesclar realidade e ficção, trazendo mais veracidade à história. Por exemplo, há citações e imagens reais de figuras do movimento negro americamo, como Martin Luter King e Bobby Kennedy.
Os atores Joel Edgerton e Ruth Negga, que dão vida, respectivamente, a Richard e Mildred, mostram interpretações que causam, quase que instantaneamente, empatia com os espectadores. Outros aspectos técnicos, entre eles a fotografia e o figurino, são outros que merecem ser observados, uma vez que deixam o filme ainda mais completo, especialmente o zelo com a reprodução da moda negra dos anos 50. Na fotografia, os planos abertos contribuem para a sensibilidade da trama e a coloração em sépia, que aparece nos momentos reais, também traz sensibilidade.

Além disso, o filme é um prato cheio pra quem curte as causas sociais que permeavam a época. Apesar das dificuldades, o casal permaneceu firme. O amor, a cumplicidade e o companheirismo mantiveram a chama do relacionamento viva e deram fruto a três crianças que, embora pouco apareçam na obra, cativam nessas poucas cenas. Nesse sentido, Loving é um filme sobre respeito e amor. Por isso, pode servir de aprendizagem para os preconceituosos e, com isso, renovar as nossas esperanças em um mundo melhor.
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