Maze Runner – Correr ou Morrer: um tributo aos fãs de distopias

Se fosse para definir Maze Runner: Correr ou Morrer em uma frase certamente seria essa do título. Tudo começa com um garoto assustado subindo por uma espécie de elevador em forma de caixa metálica até chegar a uma clareira rodeada por grandes muros, onde estão vários outros garotos que o observam curiosos. O garoto em questão mais tarde recorda-se que seu nome é Thomas, mas fora isso não consegue lembrar-se de absolutamente nada. A mesma situação ocorre com os outros, que se autodenominam de clareanos.

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Thomas descobre que, todas as manhãs, muros se abrem, dando lugar a um grande labirinto e que a cada trinta dias um novo garoto é enviado. É interessante observar a relação hierarquizada entre os clareanos, todos eles têm funções específicas a desempenhar, como cultivar frutas, colher folhas, cuidar dos doentes. O grupo é liderado por Alby, o mais velho e primeiro a chegar na Clareira; Newt e Gally, também são vistos como figuras de liderança, o primeiro pelas suas atitudes racionais, o segundo utilizando-se da intimidação; há também os corredores que podem ser considerados como os guerreiros do grupo. O objetivo deles é o de todos os dias percorrerem o labirinto em busca de uma saída.

Para se viver em paz na clareira, duas regras devem ser seguidas: cada um precisa fazer a sua parte contribuindo de alguma forma para o sustento do grupo e ninguém pode entrar no labirinto a menos que seja um corredor. É uma relação tênue pelo caráter instável do grupo, mas todos se esforçam para manter sua pequena utopia. As mudanças começam com a chegada de Thomas, que reluta em seguir as regras e quer a todo custo desvendar os mistérios do labirinto e da presença de todos eles ali. Outra nova adição à clareira, Teresa, que não só lembra o próprio nome como também o de Thomas, muda drasticamente o rumo das coisas quebrando de vez o equilíbrio do grupo.

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O filme reúne vários elementos de franquias como Jogos Vorazes e Lost, a exemplo da luta dos clareanos pela sobrevivência (ainda que inicialmente não seja tão intensa como a dos tributos na arena). Além disso, a clareira e principalmente o labirinto lembram demais a ilha de Lost, sendo uma verdadeira caixa de Pandora repleta de mistérios e horrores. Seu maior trunfo, e provável diferencial, está no excelente uso que faz dos gêneros ação e suspense. O filme é elétrico sem nunca perder o ritmo, prendendo o telespectador do início ao fim, além disso é muito sutil na adição de romance (e isso é mérito da obra literária e deverá persistir nas sequências), um quesito que muitas outras franquias têm errado a mão cedendo um espaço exagerado em detrimento da narrativa principal. Maze Runner é sobre sobrevivência e isso é deixado bem claro para quem está assistindo.

Como adaptação, o filme faz jus ao romance de James Dashner reunindo as principais informações do primeiro livro e tendo um cuidado especial nos detalhes visuais, os cenários do longa foram exatamente aquilo que eu, enquanto leitora, imaginava, e provavelmente encherão os olhos de todos, incluindo daqueles sem a bagagem literária. Mérito do diretor estreante Wes Ball, que dirigiu o impecável curta de animação Ruin, e do supervisor de efeitos visuais Eric Brevig; eles conseguiram construir um filme de ação com efeitos especiais de alto nível a um custo modesto (para os padrões de Hollywood) de 34 milhões de dólares.

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O elenco também foi uma grata surpresa, ainda que bastante jovens e desconhecidos, os atores conseguem com sucesso sustentar o filme. O talentoso protagonista Dylan O’Brien, 23, (o Stiles Stilinski de Teen Wolf – aliás, a única coisa boa dessa série) está quase irreconhecível como Thomas e incorpora bem a personalidade do personagem. Outros destaques são Will Poulter, 21 (o Eustáquio Mísero de As Crônicas de Nárnia) que interpreta com segurança o mal humorado Gally, e Thomas Sangster, 24, (de Nanny McPhee e Game of Thrones) que faz um ótimo trabalho como o perspicaz Newt.

the-maze-runner-teresa-the-maze-runner-movie-reviewO provável maior tropeço do longa é o roteiro que não funciona muito bem para aqueles alheios ao livro. A relação entre Thomas e Teresa por exemplo foi pouco explorada e não houve quase nada de referência à ligação psíquica entre os dois, algo importante nas sequências. A intérprete de Teresa também é um problema, Kaya Scodelario, 22, é tão apática e sem carisma quanto sua personagem Effy na série Skins, faltou esforço da atriz para tentar transportar para a tela grande a personalidade vibrante de sua personagem. Porém, no geral o filme é sim muito bom, e tenho um conselho para aqueles alheios à história e que desejem vê-lo: eu sei o quão precioso pode ser o hábito de ler o livro antes de ver o filme, mas abram uma exceção, pois apesar de problemas no roteiro, pode ser uma experiência muito interessante assistir a Maze Runner sem ter ideia do que vai acontecer.

O filme já passou na prova de fogo das bilheterias tendo arrecadado mundialmente, desde sua estreia em 19 de setembro, mais de 200 milhões de dólares, sendo assim, haverá uma sequência. O segundo filme Maze Runner: Prova de Fogo já está confirmado com estreia prevista para setembro de 2015, um terceiro filme também é esperado, possivelmente para 2016, baseado no terceiro livro da saga, Maze Runner: A Cura Mortal.

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Isa de Oliveira
19 anos. Estudante de Jornalismo pela UFRN, Fã dos livros e filmes da vida. Meio nerd. Meio Rock N Roll.
Isa de Oliveira

Isa de Oliveira

19 anos. Estudante de Jornalismo pela UFRN, Fã dos livros e filmes da vida. Meio nerd. Meio Rock N Roll.

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