“Minha Lista de Prioridades” é a grande lição de um professor por essência

Que tipo de professor que você quer ser (caso faça uma licenciatura)? Qual foi/é o seu professor favorito? Que lições lhes trouxeram para a vida? Esta é a proposta do livro “Minha Lista de Prioridades”, escrito pelo americano David Menasche e foi publicado no Brasil pelo selo Paralelas, da Companhia das Letras. A obra é curta, tem em torno de 200 páginas e traz uma história de tirar o fôlego.

A autobiografia de Menasche basicamente quis mostrar que tudo é possível. Nunca esqueça de cumprir o que comprometeu, mesmo estando cheio de problemas. Quando vi o título pela primeira vez, “Minha Lista de Prioridades”, confesso que tive algum preconceito, achando que seria uma obra de auto-ajuda estilo Augusto Cury.

Bem feito para mim, pois fui vencida. A cada página que lia do livro, lembrava dos meus professores de Português, Inglês e História da escola, que me deram lições incríveis através de aulas dinâmicas, textos, debates, livros e seminários. E a proposta de pedagogia do escritor lembra muito do que o meu professor de Inglês do 9º ano fazia com seus alunos.

David Menasche
O professor David Menasche

Outro ponto positivo do educador norte-americano é que ele tem um incrível lado paternal aflorado, facilitando a compreensão dos problemas dos adolescentes. Algo que muitos pais, às vezes, se recusam a compreender.

O livro não segue uma linha cronológica exata, um capítulo fala sobre como descobriu o câncer, outro da sua tentativa de ser jornalista cultural (foi estagiário da Spin, uma conceituada revista de música, nos Estados Unidos) e depois comenta sobre a família ou sobre as suas aulas.

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Capa do livro “Minha lista de prioridades”, de David Menasche

Voltando ao ponto, é importante lembrar que este não é o foco da história, são apenas os meus elogios à sua atitude de professor. O foco é o seguinte: David tinha 34 anos e era um professor super popular numa escola de Miami que funcionava em moldes parecidos com os institutos federais no Brasil. Também era casado e vivia maravilhosamente bem com a esposa e seus animais. Entretanto, uma simples dor de cabeça foi o estopim para que ele descobrisse um tumor maligno no cérebro em estágio avançado e  que tinha pouco tempo de vida.

Então, David Menasche levou a vida numa boa e continuou se esforçando para dar excelentes aulas de Inglês enquanto fazia um pesado tratamento de quimioterapia. Em suma, ele não desistiu de viver. Porém, quando a vida quer dar uma bagunçada nas nossas coisas e planos, consegue fazer isto muito bem e foi assim com o professor. Os efeitos colaterais do tratamento lhe causaram uma convulsão e o resultado disso? Redução da visão, paralisação de um dos lados e, assim, perdeu a capacidade de lecionar. Aí, muita coisa negativa começou a aparecer: autoestima caindo, casamento ruindo…

Como tudo na vida merece uma segunda chance, o docente lembrou do exercício da lista de prioridades que fazia com os alunos em que colocavam as suas expectativas no papel. Então, ele teve uma ideia, inspirado nas obras de Jack Kerouac (citado diversas vezes no livro): viajar por todos os Estados Unidos sozinho, mesmo com as atuais condições de saúde, e encontrar os ex-alunos para saber por onde eles andavam, como viviam e se conseguiram vencer na vida.

“Se conseguisse aceitar a ajuda dos outros, sentindo-me verdadeiramente grato em vez de me deixar pela amargura, talvez fosse um sinal de que estava conseguindo me aceitar. Fazia muito tempo que eu havia aceitado o fato de que ia morrer. Minha nova lição seria aceitar que era assim que iria viver”, afirma em um dos capítulos.

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David Menasche e Anjalee

Por meio do Facebook,  criou uma página e conseguiu angariar os fundos para conseguir alcançar as suas aventuras. Foi na página virtual que encontrou os antigos discentes e os mesmos lhe ofereceram hospedagens que foram solicitadas pelo educador. Então, largou todos os tipos de tratamento, terminou o seu casamento e resolveu viajar de avião, trem e ônibus por todo os Estados Unidos, superando os seus limites. São histórias incríveis, cada um com sua jornada, suas perspectivas, a que mais me chamou atenção foi de uma aluna indiana, chamada Anjalee, que enfrentou sua família que queria arrumar um casamento para ela.

Percebendo que isto a incomodada, David insistiu que ela fosse enfrentar os seus costumes e sua família com a finalidade de buscar a felicidade.  Ela conseguiu não casar e contou um pouco sobre a rotina de jornalista na cidade de Atlantic City. Além de Kerouac, o autor colocou no livro citações de grandes escritores, como Ernest Hemingway. Também tem depoimentos dos alunos e a importância do professor na sua vida.

O autor nunca foi pintado de coitado ou vítima, pelo contrário, estimulou outras as pessoas a encontrar uma nova oportunidade. A única parte ruim do livro foi que ele se estendeu demais e deixou o melhor para o final, isto deixou com gosto de saber mais sobre a vida dos alunos e, até mesmo, como o professor anda atualmente.

Vale a pena ler “Minha Lista de Prioridade”, uma vez que mostra que para tudo na vida existe uma nova oportunidade, mesmo que as condições sejam adversas. É uma história de superação e, ao mesmo tempo, um curso de como dar aulas impressionantes e incríveis. Dizem que o livro pode virar um filme, e no dia que estrear, estarei na poltrona para assistir! Conheça a página dele no Facebook.

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Lara Paiva
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.
Lara Paiva

Lara Paiva

Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.

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