Existem filmes que nos atraem simplesmente pelos nomes no cartaz. Certamente foi o caso de Negócio das Arábias. O trailer pouco revela sobre a trama e a tradução ridícula do título nacional leva muitos a acreditar que se trata de uma comédia de quinta categoria (originalmente o título é “Um Holograma para o Rei”). Então não é absurdo pensar que eu e as outras 8 pessoas na sala foram atraídas para ver o que Tom Hanks nos traria desta vez. Eu, particularmente, também fui curioso para ver a atuação de Sarita Choudhury, velha conhecida de Homeland, dessa vez na telona.
O que encontrei foi um filme peculiar, não seria exagero dizer que, quando os créditos começaram a rolar, tinha tantas interrogações na minha mente quanto quando o título apareceu na tela. E isso não é necessariamente uma coisa ruim, pois as questões não eram as mesmas. Com poucos segundos de filme temos um resumo do personagem de Hanks. Alan é um representante de vendas que teve seu auge anos atrás e, depois de uma decisão estratégica equivocada, viu sua carreira ir ladeira abaixo e com ela sua renda, seu casamento e sua auto-estima.
Agora ele está indo para a Arábia Saudita, onde ele tentará vender para o rei uma impressionante tecnologia holográfica. Mas como um representante de vendas fracassado tem essa chance de ouro? Bom, ele conheceu o sobrinho do rei anos atrás em uma festa, e depois de contar uma piada, eles aparentemente viraram amigos, o que lhe abriu essa oportunidade.
Eu sei que soa estranho, mas muita coisa no filme é assim. Em certo momento o espectador se pergunta se certos personagens realmente existem, se determinadas coisas realmente acontecem ou se são frutos da imaginação de Alan, ou mais interessante: seriam a forma como ele vê as pessoas ou situações? A pior e a melhor coisa do filme é que nós não temos respostas para essas indagações. Embora o grande público possa achar isso um deal breaker, a mim pareceu o charme da obra.
Na Arábia Saudita, depois de um problema de saúde, Alan conhece a Dra. Zahra, com quem começa a desenvolver uma relação que muda o rumo da sua jornada. É como um filme de auto-ajuda, com um quê de Terrence Mallick, mas repleto de diálogos e editado como “A Grande Aposta”. Isso nos deixa com um filme reflexivo, mas que permite pouco tempo para divagações, sempre empurrando a história para frente. A atuação de Tom Hanks, mais uma vez, não decepciona, embora o estilo seja um pouco mais do mesmo.
Um Holograma para o Rei (sim, estou ignorando o título nacional oficial) traz uma premissa interessante: como uma mudança geográfica, pode significar uma transformação emocional. Se você não está conseguindo mudar de dentro pra fora, talvez seja a hora de deixar o ambiente (um outro ambiente) te oferecer coisas novas e ajudar a promover a transformação que você precisa. Não consigo classificá-lo como bom ou ruim, mas é um filme, definitivamente, interessante. Eu assistiria novamente.