Os sonhos que antes circundavam apenas as vielas das mentes que se prendiam aos seres de forma única e exclusiva, começam a vaguear pelas tênues fronteiras da realidade, nos impossibilitando de distinguir precisamente o real, do irreal, o imaginário, do materialismo, o tangível, do abstrato. As distorções físicas do tempo se torna cognoscível, o presente se torna análogo com o passado, o tempo se torna inteligível de forma cíclica destruindo a linearidade, desassociando as tradições da racionalidade moderna.
Percebemos profundas transformações do cotidiano, convertendo o mesmo em experiências extraordinário que beiram o absurdo, mas que não desassocia-se do real. As barreiras antes impostas pelo surrealismo, o qual criava um novo mundo semelhante, porém a parte do real, se rompem e os traquejos transcendentais agora se fazem perceptível no nosso mundo, se tornam vivências costumeiras.
A proposta estilística não é apresentar uma visão estética que exclua a experiência do real, o denominado Realismo Mágico buscava desenvolver histórias que despertasse ainda mais a imaginação do leitor, que nos fizesse sentir novas sensações com a leitura. Este é o mote dos principais escritores dessa vertente literária, nos permitir sentir que a qualquer momento podemos viver fatos que jamais poderiam acontecer na mais pura realidade.
Dentre os grandes escritores do Realismo Mágico podemos destacar o brasileiro José J. Veiga, que buscou sempre em seus escritos realizar todas as convenções dessa vertente literária ao mesmo tempo que esboça uma crítica política e social. Tais características ficam bastante claras quando nos debruçamos sobre a obra, A “Hora dos Ruminantes”, na mesma conseguimos enxergar de forma evidente todos os elementos que abrange o Realismo Mágico, bem como percebemos a intenção do autor em circunscrever os seres e os entes do mundo de forma que destaque seus relevos e profundidades, o objetivo do mesmo é proporcionar ao leitor uma esboço dos acontecimentos políticos que ocorriam no Brasil, na época em que o livro foi escrito.
A obra foi lançada em 1966. Nesse ano, a Companhia das Letras relançou uma nova versão em capa dura, contendo o texto integral. Então, caro leitor, caso você se interesse em compreender melhor o Realismo Mágico indico a compra dessa obra que é considerada canônica, sendo ela um das primeiras obras dessa vertente.
Fã de cinema desde de criança, estuda Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande (Paraíba). Tem como principais paixões a música, os quadrinhos e o cinema.