Na última sexta-feira de agosto, 29, o Teatro Riachuelo recebeu a atriz Fernanda Souza em seu espetáculo “Meu passado não me condena”. A proposta era seguir o formato stand-up cujo texto faria um relato da vida da atriz, desde o seu nascimento até o momento atual, em que ela completa 25 anos de carreira. O relato passeia pelas conquistas – e desventuras – profissionais da atriz até a sua vida amorosa e o recente noivado com o cantor Thiaguinho.
Sempre simpatizei com Fernanda Souza. Afinal, é praticamente impossível ter nascido no início dos anos 90 e não nutrir um carinho especial pela intérprete da Mili, personagem da atriz na novela Chiquititas, que foi sucesso entre o público infantil e teenager no final da década de 90. Depois da personagem que, segundo a própria atriz, foi a responsável por engrenar a sua carreira, Fernanda ainda me cativou com vários outros papéis na Rede Globo, como a Mirna, de Alma Gêmea, a professora Carola, de O Profeta, e a desajuizada Isadora, de Toma Lá Dá Cá; todas ficaram marcadas pelo tom de humor na medida inserido pela atriz.
A comédia, por sinal, é o ponto forte de Fernanda, que é engraçada por natureza. É daquelas pessoas que nos provocam o anseio de dar boas gargalhadas apenas ao olhá-la. Se munida de um bom texto, então, é praticamente imbatível. Infelizmente, não foi isso o que aconteceu em “Meu passado não me condena”, escrito pela própria atriz.
A impressão que fica é que os pontos mais fortes da peça são aqueles que não foram exatamente programados. O improviso acaba cativando mais que o texto pré-determinado da montagem. Os trinta anos de vida de Fernanda Souza não pareceram recheio suficiente para os setenta minutos de espetáculo. Na tentativa de fazer rir, a atriz às vezes despencava em piadas batidas e performances exageradas.
“Meu passado não me condena” arrancou algumas gargalhadas do público que praticamente lotou o Riachuelo, mas não convenceu aos que esperavam o talento para fazer rir de Fernanda Souza aplicado em um texto melhor elaborado. Ou talvez, ainda não fosse o momento para uma auto-homenagem desse naipe. Fica o meu voto para uma segunda tentativa daqui a mais trinta anos…

Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.