O Gregório Duvivier tá vindo pra Natal. Saiu naquele site novinho da cidade, sabe? Tá todo mundo louco. Vai esgotar a peça. Ai meu Deus, e agora, como é que eu vou tirar uma foto com ele, como é que eu vou pegar um autógrafo, eita, peraí, falta só uma semana, como é que eu vou comprar o livro dele antes disso, ai meu Deus.
Pois é. O mês começou bem: Gregório veio à Natal se apresentar no palco do Teatro Alberto Maranhão logo no primeiro fim de semana. E foi melhor ainda porque Carlos Fialho, o editor da Jovens Escribas, soube da vinda dele e convidou o cara pra participar do Bazar dos Independentes, que é realizado mensalmente lá no Duas Estúdio, em Ponta Negra.

O Bazar já contou com nomes como o poeta Pedro Tostes, o jornalista e escritor Xico Sá, o escritor Chico Mattoso e o quadrinista Pedro Cobiaco. É um evento – tocado com muita garra pelo pessoal da editora Jovens Escribas e as meninas do Duas – que mistura gastronomia, fotografia, vendas e literatura.
A passagem de Duvivier pelo evento foi curtíssima, pois ele tinha que estar às 16h no TAM, onde se apresentaria logo mais tarde. No bate-papo, que começou às 14h, Gregório falou, em mais ou menos 15 minutos, sobre seu trabalho no Porta dos Fundos, sua coluna na Folha, a forma como lida com as críticas, e também, claro, sobre poesia.
Gregório leu alguns poemas de seu livro ”Ligue os pontos”, lançado em 2013 pela Companhia das Letras e muito elogiado pela crítica. Inclusive, o grandissísimo poeta Chacal, em passagem pela Flipipa deste ano, citou Gregório como um dos atuais expoentes da poesia. E falou também que isso se deve não só à obra escrita, mas à forma como Gregório lê seus poemas.
A poesia de Gregório é peculiar, precisa. Muitas vezes causa estranhamento. Mas é perceptível que a obra poética de Gregório é natural: é a poesia quem chama por ele. Ele só aprende a deitar ao lado dela na cama – calado. Gregório escreve sobre tudo que qualquer um de nós vivencia. Sabe aquela situação que acontece no nosso dia-a-dia e a gente acha que não é algo digno de nota? Aquelas coisas que a gente quase posta no mural do Facebook? Pois é. A poesia de Gregório é sobre momentos, paisagens, e, sobretudo, sobre amor.

O texto dele é feito de observação, e isso se tornou ainda mais evidente pra mim quando prestei atenção na forma como ele agiu no Bazar. Ao chegar no evento, ele contemplava o céu, a mangueira que nos presenteava com uma sombra, a grama, as pessoas, a bebê que dormia no sofá em que ele sentaria pra falar sobre seu trabalho. Ele está sempre presente. De corpo e alma naquilo tudo. E isso é tão importante pra poesia que torna o multi artista Gregório Duvivier, na minha cabeça, antes de tudo, um poeta.
No bate-papo, Gregório disse que uma das coisas que ele mais gosta na poesia é a liberdade pra escrever o poema. ”No Porta, eu tenho que escrever textos que façam rir. Tenho que ser engraçado. Na Folha, a galera me xinga muito pela minha opinião. Eu me exponho muito. Às vezes to andando na rua e tenho vergonha, porque sei que todo mundo sabe um monte sobre mim. E poesia não… Ninguém nunca me xingou por causa de um poema”, comentou.
Depois do bate-papo, Gregório atendeu a dezenas de fãs que se revezavam entre poses pra foto, emoção ao vê-lo e pedidos de autógrafo no livro. Depois disso, foi ao TAM, onde se apresentou em duas sessões no sábado e duas no domingo, na peça ”Uma noite na lua”, de João Falcão.
E, depois de quatro sessões esbarrotadas de gente, Gregório disse que adora a cidade, a produção local e espera voltar logo. Quanto a nós, já estamos, obviamente, ansiosos.
Poeta, estudante de Multimídia, formada no curso FIC de Roteiro e Narrativa Cinematográfica pelo IFRN, apaixonada por História da Arte e fotografia.