É quase impossível de acreditar, mas em meio a tantas publicações ruins na literatura nacional, a Editora Aleph nos presenteia com a reedição de um autor não muito conhecido pelos mais jovens, porém apreciado por pessoas mais velhas: André Vianco, que chegou à Aleph com uma nova edição de Os Sete, uma de suas maiores obras. O livro narra a história de 3 amigos, Tiago, César e Olavo, que vivem na cidade litorânea de Amarração, no Rio Grande do Sul. Durante algumas investidas ao mar, a fim de buscar preciosidades históricas para vender, os amigos encontram uma caravela portuguesa, onde há uma caixa com 7 vampiros.
Saber que um livro de terror, ainda mais nacional, iria abordar uma das lendas mais massacradas e mal aproveitadas pelas artes em geral deixa o leitor com um pé atrás. Todavia, Vianco surpreende com uma escrita rica em detalhes e uma narrativa apreensiva, fazendo com que até mesmo leitor preconceituoso consuma desesperadamente essa história fantástica.
Isso acontece porque o autor desprende-se dos clichês vampíricos atuais e se apega à lenda clássica, numa clara alusão ao Drácula de Bram Stoker e tantos outros. Apesar da inspiração nas histórias mais antigas, Vianco dá toque de modernidade para Os Sete, transcendendo o ano de publicação do livro e também o ano em que a história se passa. Se o autor não nos informasse, durante a leitura, que o ano era de 1999, seria bastante verossímil que a história acontecesse num passado não muito distante do ano que estamos vivendo atualmente.
Além disso, os personagens – tanto do núcleo humano, tanto do vampiresco – são bastante dinâmicos. Quanto a estes, pelo título do livro, dá para entender que são sete: Inverno, Acordador, Tempestade, Lobo, Espelho, Gentil e Sétimo, cada um com suas peculiaridades, particularidades e, claro, os poderes que lhes foi dado. Mesmo que as habilidades sejam bem literais, ainda assim é interessante saber o que cada um é capaz de saber.
Mesmo sendo considerado um livro de terror, os toques cômicos de Os Sete são bem distribuídos e quebram a tensão dos personagens malignos da trama, o que torna o enredo mais completo e bem construído. Já as cenas de ação, muito bem detalhadas por Vianco, são a “cereja do bolo” da obra. Em suma, é uma história agoniante – no bom sentido, é claro – pois dá vontade de consumi-la no menor tempo possível. No entanto, é apenas na leitura da sequencia da obra – Sétimo, que já foi publicada pela Aleph – que a sede vampírica, do leitor, por sangue será saciada. Vamos torcer.