“De arrepiar”. Essa foi a expressão que mais ouvi ao sair depois dos 60 minutos de espetáculo da mais pura imersão nas artes que vivi nos últimos tempos: música, dança, e teatro copilados com emoção, intensidade e muita expressividade. Com a casa praticamente lotada, as quase mil pessoas que compareceram para assistir ao espetáculo Carmina Burana de Carl Orff no Teatro Riachuelo, na última sexta-feira, 30, gostaram do que viram. Meu termômetro foram os calorosos cinco minutos de aplausos de pé que a plateia concedeu aos artistas no fim do evento.
Talvez pela minha falta de conhecimento técnico, a contemplação só aumente, o que me faz borrifar elogios a cada frase que escrevo aqui. É difícil não se emociar, se sensibilizar e se deixar levar pela história contada a cada novo canto e interpretada genialmente pelo ballet da Cia de Dança do Teatro Alberto Maranhão. E por falar em dança, quanta ousadia e expressividade! Ouvi relatos de que tão hipnotizante eram as coreografias, que algumas pessoas se sentiram incomodadas por não conseguirem olhar a orquestra.
Sob a batuta do americano Linus Lerner, um palco lotado o som que musicaliza os sonhos de cada um de nós vinha dos instrumentos de corda e a magia dos metais deixava o ambiente ainda mais envolvente, isso sem citar a percussão e as madeiras que tornavam a experiência única, era a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte mostrando seu talento.
Carmina Burana é uma parábola da vida humana, apesar de ter sido escrita por monges e eruditos no século XVIII, a atualidade mesmo com o passar dos anos faz da obra uma peça atemporal. A música Ó Fortuna que abre e encerra o espetáculo traz o conceito da roda da fortuna, remetendo a vida em movimento eterno, que se alterna entre sorte e o azar, e se mantém numa constante mudança. As 24 canções expostas ao longo de um pouco mais de uma hora de espetáculo dividem-se em três seções: o encontro do homem com a natureza, o seu encontro com os dons da natureza, e também o encontro com o amor.
A REPÓRTER
Não sou nenhuma aculturada, mas também não posso me considerar uma amante da música erudita, mas o concerto deixou em mim uma vontade de quero mais. O meu real lamento é que um espetáculo desse porte não aconteça de forma gratuita para que mais pessoas possam compartilhar da alegria de se emocionar além da novela das nove (nada contra a novela; e tudo a favor da arte!).
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Jornalista por formação, e também, por paixão. Aquele tipo de pessoa que aprecia estar nas ruas e conhecer de perto a realidade. Filha do mundo no qual considera somente o solado dos pés como território nacional. Coragem nunca se viu faltar e parece que este é o melhor tempero para suas histórias. Há dois anos resolveu unir o útil ao agradável e escrever sobre suas andanças pelo mundão afora. Dúvidas, crises, histórias engraçadas e muitas dicas vão rechear essas páginas. Vem que tem!