Ninguém precisa de um bom motivo para ir ao teatro além da nobre e óbvia razão: é teatro! E teatro é também um modo de conhecer a si na história de alguém. Um desses “alguéns”, que foi redescoberta e reinventada nos palcos e investigação do grupo Carmin, é Jacy. Uma mulher que nasceu em 1920 e renasceu quando Henrique Fontes, ator e diretor do grupo, achou, em meio a uns destroços na Prudente de Morais, uma frasqueira.
Dentro dela, “comprovantes postais de correio, cartões, fotos 3×4, prótese dentária, radiografia, pó compacto, várias coisinhas pessoais. O processo de busca por respostas foi o modo de construção inicial da peça”, conta Daniel Torres, produtor do grupo. Cada detalhe de Jacy é também um detalhe da nossa história como potiguar. Uma mulher comum que atravessa boa parte do século XX com certeza tem um legado e um relato a serem preservados e repassados para as atuais gerações se entenderem como pertencentes à sua cidade e memória.
“Jacy trouxe um público diferente pra gente. Acho que essa aproximação vem da curiosidade por ser algo que é real e acaba por contar a história da cidade que não deixa de ser a história das pessoas também. Além dessa aproximação histórica, acho que a identificação do público vem com a questão da preocupação de envelhecer e ser esquecido”, explica Daniel, que também é desenhista do espetáculo.
Você está convidado a não esquecer Jacy e os mistérios de sua frasqueira! A primeira obra de teatro documental do grupo Carmin sobe ao palco do Teatro Riachuelo através do Projeto Jornada Cultural, neste domingo (18), às 20h. Quitéria Kelly, Henrique Fontes e Pedro Fiúza dão cores, vozes e movimento à essa mulher que carrega um pedaço de Natal pra contar.