Minha viagem começou uma semana antes. Como já é de se esperar, nada que dependa integralmente do tempo e da bondade de São Pedro sai conforme o planejado por nós, meros mortais. Deveríamos ter saltado no dia 20 de julho, mas a previsão do tempo não ajudou. O salto foi reagendado para o outro fim de semana, domingo, dia 28 de julho. Alguns conhecidos da cidade em que estava morando resolveram juntar uma turma para viajar mais de 300 quilômetros e saltar de paraquedas, o destino foi o Centro de Paraquedismo de Boituva – SP, uma média de sete horas de viagem, se juntarmos ida e volta.
Saímos de Guaxupé, localizada no Sul de Minas, com destino à Boituva, interior de São Paulo às 5 horas e 30 minutos da manhã (o céu ainda estava escuro) e tive que encarar a parte mais dramática da viagem – pelo menos pra mim – um banho no frio às 5 horas com os termômetros marcando míseros seis graus. #OMG #TorcendoPraNãoCongelar
Depois de nos perdemos e nos acharmos no caminho entre placas, GPS, e de muito perguntar, finalmente chegamos ao Centro de Paraquedismo no início da manhã. O dia estava lindo, sem nuvens no céu e com um sol inspirador. No Centro existem diversas escolas, um super gramado verde, um clima excelente de crianças correndo pra lá e pra cá, e muita gente com adrenalina nas alturas. Os preços das escolas são praticamente tabelados e há uma pista de voo conjunta na frente do local com dois ou três aviões que pousam e levantam voo em escala industrial, isto é, sem parar.
O meu salto
Já fui decidida e não havia nenhuma dúvida: eu ia saltar. Não tive medo até o momento de entrar no avião. A gente pensa em muita coisa, e por causa do nervosismo e do encontro com o novo (se jogar de um avião, pelo menos para mim, era to-tal-men-te novo) você não consegue assimilar absolutamente nada. Os momentos mais tensos são sempre a saída do avião e o pouso, no qual alguma coisa pode dar errado, é necessário técnica, concentração e sorte. Ao sair do avião você fica em queda livre durante 50 segundos #UmaEternidade a mais de 200 km/h, e depois que o paraquedas abre – dependendo dos ventos – você voa e olha a paisagem por mais ou menos cinco minutos.
O psicológico da gente é um barato, você está em queda livre olhando para o chão e não consegue assimilar que está caindo. A sensação de adrenalina é tamanha que eu não consegui pensar em absolutamente n-a-d-a. Com o passar dos segundos, nos últimos dez você começa a pedir para aquele bendito paraquedas abrir logo. (Calma… ele vai abrir!) No pouso é necessário deixar-se escorregar na grama, de preferência com as pernas levantas e de bunda no chão.
É uma sensação de fato indescritível e a experiência é muito intimista, cada uma tem a sua. O que eu digo é: se você tiver realmente vontade, FAÇA, vale a pena!
Eu optei pelo pacote de fotos e vídeo, aqui está minha carinha de medo voando a 4.000 mil metros de altura.
PREÇOS E REGRAS
Saltos duplos
Para poder saltar de paraquedas é preciso ser maior de 18 anos e ter menos de 120 quilos. Os gordinhos (quem pesar acima de 99 kg) precisam pagar uma taxa extra de R$80 que vai para o atleta. Calma, não é preconceito, há uma razão pra isso: o piloto tanger que salta com você tem bastante desgaste físico, e consequentemente quanto maior o peso maior o esforço.
Do valor normal há divisão entre o avião, o paraquedista e a escola (referente ao aluguel do equipamento de paraquedismo, caso alguém queira comprar um paraquedas custa a partir de 15 mil reais). Você também pode contratar o sistema de filmagens e fotografias, os preços dos saltos custam entre R$ 300 a R$ 600, depende da quantidade e modelo de acessórios que cada cliente queira.
Saltos individuais
Há possibilidade de fazer o curso e saltar sozinho o custo médio é de R$ 4.200 e o aluno tem direito ao treinamento com os instrutores e também oito saltos sozinhos, normalmente feitos a 12 mil pés, somente o último (chamado de formatura) é feito a oito mil pés, e esse tem apenas dez segundos de queda livre.
E é seguro mesmo?
Por incrível que pareça se jogar de um avião em movimento é mais seguro do que diversas ações do nosso cotidiano. Segundo os paraquedistas que estavam no local, nunca ocorreu nenhum acidente com salto duplo no Brasil. O piloto tanger, aquele que se joga com você do avião, tem normalmente acima de cinco mil saltos.
E se eu esquecer tudo que me foi dito… Não se preocupe o piloto é totalmente preparado para qualquer circunstância, seguir as orientações fará somente que seu salto seja mais confortável para os paraquedistas (tanto pra você e como para o atleta).
Mas se o paraquedas não abrir… Existe um paraquedas reserva que abre automaticamente ou pode ser acionado pelo piloto, se o paraquedas oficial não abrir ou tiver problemas ao se inflar ele será aberto para estabilizar ainda mais o voo.
E se meu piloto enfartar, desmaiar e não conseguir abrir o tal do paraquedas… O paraquedas reserva é acionado automaticamente quando se chega com bastante velocidade a altura de 800 pés.
Minha dica é se você foi até ali, então confie, relaxe, aproveite e saia linda nas fotos e vídeos! Coisa que eu não fiz, mas pretendo fazer na próxima vez que for saltar. #QueroBis
*texto publicado originalmente no Sabor Melancia.com
Jornalista por formação, e também, por paixão. Aquele tipo de pessoa que aprecia estar nas ruas e conhecer de perto a realidade. Filha do mundo no qual considera somente o solado dos pés como território nacional. Coragem nunca se viu faltar e parece que este é o melhor tempero para suas histórias. Há dois anos resolveu unir o útil ao agradável e escrever sobre suas andanças pelo mundão afora. Dúvidas, crises, histórias engraçadas e muitas dicas vão rechear essas páginas. Vem que tem!