Segunda edição da Feira do Vinil de Natal acontece neste sábado

II Edição da Feira do Vinil acontece no Mercado de Petrópolis (Fotos: Lara Paiva)
II Edição da Feira do Vinil acontece no Mercado de Petrópolis (Fotos: Lara Paiva)

No final dos anos 2000, início da era do Mp3, a procura pelos Long Plays (LPs) começou a difundir-se e muitos apreciadores começaram a comprar. Em 2008, a Polysom abriu novamente as portas e se tornou a única fábrica de discos da América Latina e tem outras 41 indústrias espalhadas no mundo. Nos meses de março e abril de 2014, houve um aumento de 126% das bolachinhas nas terras tupiniquins, acompanhando a mesma tendência nos Estados Unidos e Europa.

Este crescimento também pode ser visto na volta da venda de vitrolas e feiras do vinil, cuja edição carioca já está na sua 10ª edição. Em Natal, vai acontecer a segunda edição na cidade neste próximo sábado (11), a partir das 10h. Acontecerá no Mercado Municipal de Petrópolis, na Avenida Hermes da Fonseca, que é um reduto cultural e local de alguns sebos existentes.

Eu fui à primeira edição, vou tentar falar os detalhes do local e convencer as pessoas a participarem desta. A intenção da feira é fazer-se presente na rotina dos natalenses um sábado em cada mês.

Espaço é usado para troca e venda de vinil
Espaço é usado para troca e venda de vinil

Por que estou fazendo isso? Como nasci em 1993, eu peguei o finalzinho da venda de LPs nas lojas e aqui em casa o pessoal já estava adquirindo os CDs. Quando eu era criança e visitava a minha avó nas férias, adorava tirar aquela pilha de vinis de baixo do rack da televisão que ficava na sala e passava horas olhando as capas gigantes e elaboradas. Sempre imaginava como seria se estes produtos voltassem a ser produzidos e comercializados novamente.

“Isto nunca vai acontecer, o CD é mais moderno e mais simples de guardar”, diziam para mim. Tudo estava fadado para acontecer, de fato, porém os compact discs (nome completo do CD) eram um produto bem mais fácil de ser pirateado. Uma coisa que poderia custar 50 reais poderia ser achada por cinco reais em qualquer ambulante na rua. Agora, as bolachinhas viraram um objeto de culto.

Quando eu vi que teria esta feira, tive a curiosidade de saber se muita gente iria, quais eram os produtos que poderia encontrar por lá e como seria o atendimento. Consegui dar uma passada no evento, que foi sucesso de público, ótimo atendimento (consegui um LP do Queen por um ótimo preço) e os detalhes serão contados a seguir. A única coisa que lamento é que peguei os momentos finais, uma vez que cheguei às 15h30 e o evento terminava às 17h, contudo havia bastantes curiosos, trocando e comprando algo variado, pois você podia achar de Odair José até Black Sabbath.

Reginaldo Hendrix é dono do sebo da Sunrise e um dos idealizadores da feira
Reginaldo Hendrix é dono do sebo da Sunrise e um dos idealizadores da feira

A ideia veio a partir de três sebos existentes no mercado: Sunrise, Cata Livros e Lisboa. Além disso, eles tiveram o apoio da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal de Petrópolis (ASPERM).  “Esta ideia surgiu pela vontade dos sebos e fomos acolhidos pela Associação dos Permissionários”, disse Reginaldo Hendrix, proprietário do Sebo Sunrise.

O apelido Hendrix veio por conta de sua paixão pelo guitarrista norte-americano Jimi Hendrix. “Essa história de Reginaldo Hendrix, todos os músicos que apareceram no planeta Terra, até agora, durante a minha existência, o que mais é topo de linha é Jimi Hendrix, depois vem Raul Seixas, aí vem uma infinidade de artistas, como Zé Ramalho, Rolling Stones, Janis Joplin, Led Zeppelin, Black Sabbath, Mutantes…”, justifica o colecionador que tem cerca de cinco mil álbuns.

O local que sediou a feira foi o Espaço Cultural Abraham Palatnik, mezanino que foi criado justamente para receber eventos como estes. Assim que você chega à entrada principal, tem uma escada do lado esquerdo e é só subir. Ao entrar, havia várias mesas espalhadas com pilhas de produtos. Tocava Legião Urbana numa vitrola. Cada mesa representava um sebo ou um colecionador exibindo os seus produtos, vendendo ou trocando. Também podia-se bater um papo sobre música facilmente com os rapazes ou escutar um vinil no mesmo toca-discos que estava lá. Depois de um tempo, a pedida foi Beatles.  Ao ser questionado se conseguiu vender bastante, Hendrix respondeu que sim.

A mesa onde ficava Reginaldo Hendrix estava próxima à porta. Falante e simpático, ele sempre trocava um papo com qualquer cliente que passava.  “Meu primeiro contato dos vinis foi entre 67 ou 68 comprando compactos e aí conheci estas coisas maravilhosas chamadas The Beatles (mostrando um dos discos dos ingleses). Primeiro, comecei ouvir bandas da Jovem Guarda, que dominavam as rádios AM. Eu nunca tive influência musical de parentes, fui descobrindo as músicas pelo rádio”, disse.

Além do espaço para venda de discos, o local também vai ter palestra
Além do espaço para venda de discos, o local também vai ter palestra

Reginaldo é conhecido por tratar a sua coleção como seus filhos e um dos cuidados mais peculiares é lavá-los com água e sabão para deixá-los bem conservados.  Hendrix contou que comprava os compactos no Alecrim, após o fechamento das lojas, as pessoas vendiam nas calçadas uma pilha dos LPs e compactos. Devido a pouca grana, ele preferia os compactos e como não tinha vitrola, escutava na casa dos amigos. A descoberta musical dele se deu escutando álbum por álbum. “Se eu gostasse, eu ficava, caso contrário iria novamente para trocar”, contava. Ele também vende na internet, pelo Mercado Livre e mídias sociais.

Além dos idealizadores, a Feira do Vinil do Mercado de Petrópolis também conta com a participação de outros sebos, como o Balalaika (localizado no bairro de Cidade Alta), e também colecionadores de discos. Também teve uma palestra que falava sobre a obra dos Beatles, que durou cerca de duas horas.

Nesta segunda edição, vai haver um papo informal com Enzio Andrade às 16h. Enzio é historiador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e debaterá o tema “68 Momento Tropicalista”. Também serão expostos livros e revistas sobre música.

SERVIÇO:

II Feira de Vinil
Avenida Hermes da Fonseca, próximo a Praça das Flores
Horário: 10h às 17h

Fotos da primeira edição da Feira do Vinil 

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Lara Paiva
Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.
Lara Paiva

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Natalense, jornalista, gosta de música, livros e boas histórias desde que se entende por gente. Também tem uma quedinha pela fotografia.

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