Leandro, mais conhecido como Emicida, lançou este mês o seu mais novo álbum de estúdio, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, segundo disco de estúdio de sua carreira. No trabalho o músico faz um mix de vários aspectos que fazem explodir diversos sentimentos ao mesmo tempo.
O antecessor, “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Foi” (2013), foi extremamente bem aceito pela crítica especializada. Emicida vem de uma fase muito feliz. Além do sucesso de seu debut, o rapper também gravou um ao vivo excelente ao lado de outro talento paulistano, Criolo. Atualmente o músico ta mandando seus versos pra gringa, em sua turnê pela Europa.
Uma palavra pode resumir todo o CD: espetacular! Sim, o disco faz qualquer marmanjo desmoronar em lágrimas e depois pular de alegria, essa montanha russa de sentimentos dá-se principalmente pela seleção sábia das faixas. Os monólogos estão mais presentes neste álbum, claro que exaltando a negritude (tema principal do CD) e banalizando o preconceito seja ele de cor, raça ou religião. Se alguém achou que o trabalho anterior já tinha uma presença enfática sobre a causa negra, em “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” a temática permanece mas só que num nível dobrado.
A realidade do dia a dia de muitos brasileiros é abordada em todas as músicas, sejam elas felizes ou tristes, algumas mais aparentes e outras bem escondidas através de metáforas da cultura pop. Algo viciante é implantado no disco desde a primeira música, você acaba pegando a “síndrome do replay” e logo de cara você já escolhe suas músicas favoritas.
Tendo isso em mente, existe uma música para cada dia, se você estiver feliz pode ouvir “Mufete”, se tiver a fim apenas de relaxar, “Passarinhos” (em parceria com Vanessa da Mata) é uma boa pedida. Agora se você quiser apenas pensar no sentindo da vida é só ouvir “Chapa”, “Mãe” ou “8”. E se estiver apaixonado? Claro que tem uma música para isso, é “Baiana”, saborosa parceria com Caetano Veloso.
“Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” atinge os mais variados públicos, das mais diferentes classes sociais e faixas etárias. Os monólogos estão mais presentes neste disco nas faixas: “Amoras”, “Trabalhadores do Brasil” (monólogo de Marcelino Freire) e também a participação da mãe de Emicida, Dona Jacira, com um texto incrível no final de “Mãe”, é de chorar e a comparação com “Crisântemo” (do disco anterior) é inevitável.
Então, entre 0 a 10, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” ganharia nota 12, por vários fatores importantes que com certeza contam para sucesso de um artista e seu CD. Fatores estes: o rico conteúdo das letra que nos remete e nos faz sentir uma série de emoções; tem músicas dançantes; textos acessível que narra a realidade de todos os brasileiros, mas principalmente a dos moradores das comunidades menos favorecidas do país. Ressalto também a importância de suas composições sobre os negros, Emicida com poesia e sinceridade manda rimas que empoderam o povo negro e rechaçam todo e qualquer preconceito racial.
A junção de homenagem e protesto se equilibram entre si e faz um álbum balanceado em que o replay é colocado com muita alegria. É interessante também conhecer os outros trabalhos de Emicida, vale muito a pena e tudo pode ser encontrado no canal dele no YouTube com os outros álbuns completos.