O Teatro Riachuelo recebeu na noite dessa quinta-feira (17) o show de Tiago Iorc. Apesar de não ser tão conhecido pelo grande público, os fãs compareceram empolgadíssimos. Os que pouco o conheciam, bem como eu, também marcaram presença a fim de conhecer melhor o trabalho do moço esguio e alvo. Simpático, carismático, vibrante no palco, Iorc mostrou-se ser um showman. Surpreendi-me positivamente com o músico.
O show de abertura da noite ficou por conta de André Rangel, cantor e compositor que além de sua carreira solo, também é guitarrista da banda Desventura (cover do Los Hermanos). André aproveitou seu tempo no palco e deu seu recado, com uma setlist de composições autorais e covers, homenageou o Chorão (vocalista do Charlie Brown Jr), tocou músicas do Legião Urbana, Nando Reis, Kings Of Leon e Coldplay. Não diria que ele tenha “aquecido” o público, mas certamente amornou e tocou os corações já machucados de muitos na plateia.
Munido apenas de seu violão, Tiago Iorc subiu ao palco às 22h. A canção escolhida para a abrir seu show foi a sensível e ingênua “Um dia Após o Outro”, composição que integra seu último álbum, “Zeski” (2013), melhor escolha não poderia ter sido. Na sequência, o brasiliense radicado em Curitiba mandou “Life Of My Love”, uma das minhas músicas favoritas dele. Embora o teatro não estivesse de todo lotado, os principais assentos estavam ocupados, principalmente pelo público feminino histérico com o talento (e beleza), a simpatia (e beleza), a voz sensível (e a beleza) e as melodias simples, porém de um lirismo ímpar.
A iluminação do palco estava particularmente lindíssima, mérito de Felipe Simas. No palco, Tiago contava apenas com dois instrumentos, violão e o seu fluke (um dos vários tipos de ukulele). Além das composições autorais, o músico também teve momentos para interpretar canções de outros artistas como: “Morena” do Los Hermanos, “Tempo Perdido” do Legião Urbana, “The Scientist” do Coldplay e “My Girl” do The Temptations.
Interagindo com o público, Iorc conversou com o plateia, elogiou o sotaque potiguar, até tentou aprender alguma palavra do nosso “dialeto”, mas no fim acho que ele está até agora se questionando no que seria “roçoio”. Confesso que, em um momento do show, senti-me no auge da Beatlemania, quando fãs subiram ao palco, enquanto “My Girl” era tocada, e abraçaram, beijaram o moço e (como é de costume hoje em dia) aproveitaram pra tirar um selfie com o cantor. Tiago levou tudo na esportiva, muito gentil e simpático com todas.
O setlist bilíngue contava com uma boa parcela de músicas em inglês, tal qual sua primeira música “Nothing But a Song”, “It’s a Fluke” e “What Would You Say”, bem como as mais recentes em português, “Forasteiro”, “Música Inédita” (parceria com Maria Gadú) e a minha preferida de todas, “Um dia Após o Outro”. Admito que não era uma exímia conhecedora do som do rapaz, mas depois do show de ontem fiquei encantada com a simplicidade e veracidade da música de Tiago Iorc. Coisa rara nos tempos de milhões de autotunes, o cantor traz em sua voz uma pureza e delicadeza que superam os excessos e malabarismos vocais que muito se veem por aí.
Adoro me surpreender positivamente com novos artistas, ao final do concerto, quando as cortinas se fecharam, saí com a alma alimentada e torcendo para novas outras surpresas deste tipo. Mas bem como na canção: “o tempo é que dirá e nada como um dia após o outro”. Que outros sinceros compositores tais quais Iorc apareçam na música brasileira.
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Uma míope quase sempre muito atrasada, cinéfila por opção, musicista fracassada e cronista das pequenas idiotices da vida. Pra sustentar suas divagações é jornalista, roteirista e fotógrafa.