Em meu primeiro dia de Festival de Cinema Francês, tive a alegria de conhecer o quão encantadoras são as animações francesas. Sim, eu ainda não conhecia. Claro, já havia passado pelos desenhos animados exibidos pelo canal Cultura, mas animações do tipo longa metragem, não.
A informação principal é: não vá assistir a um filme do gênero esperando os efeitos da Pixar ou o excesso de computadorização da Disney.
Um gato em Paris é, de fato, uma desenho animado no sentido puro da palavra. Quase dá para perceber os traços do desenhista… os sapatos são triangulares, o cenário não se mexe o tempo todo, as formas são simples, de maneira que não confundem as crianças, o público alvo a que a animação é destinada. Sem truques e nem atrativos para chamar a atenção de outros gostos. Mas, no fim, chama, por ser simples.
O enredo segue o mesmo padrão de simplicidade. Nada mirabolante nem estranho. Tem o personagem principal, um gato. O gato Dino. Ele, como todo animal em desenhos animados, é bem personificado. Inteligente, pensa e age como se entendesse até os pensamentos das pessoas ao seu redor. Dino tem uma dona: a tímida Zoé, cujo pai morreu assassinado pelo vilão da história e a mãe, Jeanne, uma delegada de polícia, esforça-se para curar os traumas da filha ao mesmo tempo que tenta vingar o assassinato do marido.
Durante a noite, Dino ajuda o habilidoso ladrão Nico, que, no fundo, não é má pessoa. Na verdade, tem até papel de mocinho na história.
As sacadas de humor são de muito bom gosto. As formas de materializar sentimentos, odores, expressões… tudo me fez lembrar os desenhos animados que assistia quando era criança, bem diferentes dos que somos acostumados nos dias atuais – menos desenhos e mais digitalização.
Em matéria de humor e, talvez, de produção, não supera um filme americano. Mas simpatizei com “Um gato em Paris”. Talvez por sentir de falta de um pouco menos de detalhismo e tecnologia… e um pouco mais de surrealismo. Afinal, para que tudo é tão angularizado, cronometrado, real, em uma animação? Nela, não deveria tudo ser possível? Inclusive, pessoas pularem metros de um telhado a outro e cheiros ganharem o rosto de seus donos e deslizarem feito cobra pelos narizes das pessoas…
P.S.: Ah. Ia esquecendo de mencionar. Comprei ainda a senha para “O pai dos meus filhos”. Mas, ou eu sou mesmo uma plebeia no campo da cultura, ou o filme é definitivamente ruim. Detestei o roteiro, o enredo e as atuações. Nada me prendeu e eu saí na metade. Ao menos o gato Dino me divertiu o bastante por hoje.

Jornalista, cinéfila incurável e escritora em formação. Típica escorpiana. Cearense natural e potiguar adotada. Apaixonada por cinema, literatura, música, arte e pessoas. Especialista em Cinema e mestranda em Estudos da Mídia (PPgEM/UFRN). É diretora deste site.