Viva a Língua Brasileira (2016) é obra do jornalista, escritor e crítico literário Sérgio Rodrigues, mineiro de Muriaé, que venceu o 12º Grande Prêmio Portugal Telecom de Literatura pelo romance O Drible (2014). Lançado pela Companhia das Letras, o livro é uma declaração de amor à “língua portuguesa brasileira“, isso mesmo: língua portuguesa brasileira. Segundo o autor, “Portuguesa porque foi inventada lá, brasileira porque faz mais de cinco séculos que a falamos aqui”.
O livro agrupa uma série de verbetes, dúvidas (“ter a ver ou ter a haver”, “todo dia ou todo o dia”) e curiosidades sobre nossa língua. Sem a caretice dos puristas fiéis à tradição lusitana e sem os exageros dos modernistas “vale-tudo”, a obra entende e informa os argumentos de ambas as correntes, mas nos dá o direito de não precisar escolher entre elas. Assim, munido de uma linguagem fácil, o autor usa da sua experiência em colunas do mesmo assunto para falar de problemas entre a língua escrita e falada, além de criticar as patrulhas que transformam erros em acertos e vice-versa.
Sérgio escreve didaticamente sobre o tema, mas sem deixar as provocações de lado. Tanto que desconstruiu ideias pré-fabricadas de grupos que ele identifica como “sabichões”, “politizados”, “enrolões”, “anti-intelectuais” e “anglocêntricos”.
Para mim, que ando sempre atarefado e meio perdido entre os cálculos da engenharia (curso em que me graduo), fica difícil de acompanhar as mudanças e as variações da língua tupiniquim, e acabo por vezes surpreendido pelo corretor do computador ou celular. Portanto, tive o prazer de adicionar à minha conta literária um livro tão fluido e acessível, além das várias tapadas com luva no ego, ao perceber que por anos usei de forma errada termos corriqueiros.
Sagitariano, quase Engenheiro Eletricista, com inclinações para o insult comedy, cantor frustrado, cinema, séries e fotografia. Hipocondríaco de gravidade exponencial. Escreve quando a universidade permite – por prazer e para se ver livre dos cálculos. Assina a coluna Set List.