Ícones: Joel e Ethan Coen – Parte I

Você sabe quem é Roderick Jaynes? Ele é o editor de praticamente todos os filmes do irmãos Coen. Mas você sabia que ele, na verdade, é uma pessoa de duas cabeças? Pois Roderick Jaynes é Joel e Ethan Coen, os próprios cineastas editam seus filmes. Outra coisa sobre a distribuição de créditos em relação aos irmãos, que vocês precisam saber é na categoria de diretor. O sindicato de diretores não permite duas pessoas se creditarem como diretores, a menos que seja um duo estável. Então eles dividiam os créditos, Joel levava o de diretor e Ethan o de produtor, mas nunca houve divisão no trabalho, e ambos assinam o roteiro. Do primeiro longa deles, Gosto de Sangue (1984) até O Amor Custa Caro (2003) houve essa divisão, só em Matadores de Velhinhas(2004) eles conseguiram compartilhar os créditos, que ficaram “Escrito, Produzido e Dirigido por Joel Coen e Ethan Coen”, mas o Roderick Jaynes continua lá firme e forte.

Joel e Ethan Coen exibindo seus Oscars por Onde Os Fracos Não Têm Vez

Outra coisa que se deve saber sobre os Irmãos Coen é que o lugar onde a historia se passa também é um personagem. Seja o Texas nos anos 80 em Onde Os Fracos Não Têm Vez (2007), ou as cidadezinhas caipiras de Minessota em Fargo (1996), ou a Los Angeles psicodélica em O Grande Lebowski (1998). O fato, é que eles são cineastas americanos, não só pelo fato de terem nascido no país, mas por sempre colocarem  os EUA como um personagem – o sempre, com apenas, uma exceção, o segmento deles em Paris, Eu Te Amo; neste caso a história é sobre um americano em um metrô em Paris, que se depara com coisas estranhas, exatamente como os Coen devem se sentir ao filmar fora dos EUA.

Antes de iniciarem a parceria, Joel foi assistente de edição no clássico moderno do terror, Evil Dead (1981) de Sam Raimi. E há uma forte influência do estilo de Sam Raimi nos dois primeiros longas dos Coen, Gosto de Sangue (1984) e Arizona Nunca Mais (1987). A câmera subjetiva que Raimi usa em Evil Dead é a principal referência dele nesses dois longas. Em Arizona Nunca Mais há um sequência espetacular, em que eles usam a câmera subjetiva: a câmera vai indo pela rua, passa por cima de um carro, sobe uma escada de madeira encostada na casa, entra pela janela, vemos uma mulher de costas, ela está de frente para um berço, quando a câmera se aproxima, ela se vira para câmera e grita desesperada! Ufa! É que a história gira em torno de um sequestro de um bebê por Nicolas Cage, quando ele ainda atuava bem, e lá se vão vários anos – mas é claro que sua atuação em Adaptação é notável – sim, voltando: o personagem de Nicolas Cage rouba um bebê porque a mulher dele não consegue engravidar. O filme foi eleito pelo AFI (American Film Institute) como uma das 100 melhores comédias americanas feitas, ficando na posição 31, eles também têm outro filme na lista, Fargo, este ainda entrou para a outra lista, a principal, a dos 100 melhores filmes americanos feitos!

Nicolas Cage em Arizona Nunca Mais
Caçador de Recompensas com o bebe roubado

Já Gosto de Sangue é uma mistura de noir e faroeste com algumas pitadas de terror. É estrelado por Frances McDormand em seu primeiro filme. Frances é esposa de Joel, e estrelou 4 longas dos Coen. Em 2009, o cineasta chinês Yimou Zhang realizou o remake do longa, ele trouxe a trama para a China Antiga, o titulo ficou “Uma Mulher, uma Arma e uma loja de macarrão” e merece ser visto.

Frances McDormand em Gosto de Sangue

Em 1991, com Barton Fink, eles realizaram o incrível e inédito (e até agora, não repetido) feito de ganhar todos os três prêmios principais no Festival de Cannes: A Palma de Ouro (por unanimidade), Melhor Diretor e Melhor Ator para o John Turturro. E os Coen são os maiores vencedores na categoria de Melhor Diretor em Cannes, tendo vencido três vezes, por Barton Fink (1991), Fargo (1996) e O Homem que não estava lá (2001), além de terem 8 indicações a Palma de Ouro.

Na Parte II, falarei sobre as sempre constantes parcerias dos Coen, e outras coisitas mais!

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Jonathan De Assis
Acredita piamente que o Pink Floyd é a maior banda de todos os tempos e que ninguém canta melhor que o Robert Plant. Tem o Scorsese como ídolo máximo e sabe que ele transformará o DiCaprio no novo DeNiro. Com Goodfellas aprendeu as duas coisas mais importantes da vida: Nunca dedure seus amigos e mantenha a boca sempre fechada.
Jonathan De Assis

Jonathan De Assis

Acredita piamente que o Pink Floyd é a maior banda de todos os tempos e que ninguém canta melhor que o Robert Plant. Tem o Scorsese como ídolo máximo e sabe que ele transformará o DiCaprio no novo DeNiro. Com Goodfellas aprendeu as duas coisas mais importantes da vida: Nunca dedure seus amigos e mantenha a boca sempre fechada.

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