Lista: 5 filmes sobre a Sétima Arte

É festa! 🙂

Em maio passado, fez-se um ano desde que quatro amigos que têm o cinema como paixão em comum resolveram juntar-se para criar O Chaplin, este blog de cinema que vos apresenta. E nós, os editores, decidimos realizar algo especial para celebrar o aniversário do nosso “bebê cinematográfico”, mesmo com certo atrasado – justificado pelos compromissos acadêmicos e profissionais de todos. E convenhamos, um dia ou um post não seriam bastante para celebrar um ano de posts, críticas, dicas e anedotas, portanto decidimos por uma semana especial (09/07 à 15/07) cheia de posts temáticos, um verdadeiro tributo ao novo e ao velho mundo do cinema, e, como não podia ser diferente, a Charles Chaplin, ídolo cujo nome deu origem ao título do blog.
Além disso nossa página no Facebook será mais ativa: a partir de agora vocês poderão encontrar cenas e sinopses de filmes como também divertidas adaptações de contextos de momentos marcantes do cinema.
Há 117 anos desde que os irmãos Lumière exibiram seu primeiro filme, o cinema tem sido a arte que, em um curto espaço de tempo, mais se modificou em todos os âmbitos: narrativa, técnica, criação, produção, exibição, públicos, etc. Muitos filmes utilizam-se de metalinguagem para homenagear essa história que mesmo ainda no vigor de sua puberdade, já tem muito a contar. Para abrir a semana comemorativa do primeiro ano do blog, selecionamos cinco filmes (dos muitos) que homenageiam a Sétima Arte e expomos nossas impressões. São eles:



E La Nave Va (O Navio)

 

O filme do diretor italiano Federico Fellini, de 1983, E La Nave Va (O Navio) trás em seus primeiros momentos uma retrospectiva da técnica cinematográfica. Inicia-se com uma cena em 1914, em sépia, sem áudio e com imagens que propõem de fato o cinema da época. Com o desenrolar da película, o sépia transforma-se em um preto e branco, a tela para de “chuviscar”, e aos poucos vai ganhando cores, até chegar a técnica dos anos 80. O mesmo acontece com o áudio, que começa inexistente, logo ganha uma trilha, e em algumas cenas já conseguimos escutar as vozes dos personagens. A homenagem direta ao desenrolar do cinema dá-se apenas nesse momento, uma vez que o enredo em si não tem essa intenção. O filme trata-se de um  falso documentário, em que diversas vezes temos um personagem narrador que conversa diretamente com a câmera, e se passa em um navio onde conhecidos se reúnem para o funeral de uma importante cantora de ópera.

Sunset Blvd (Crepúsculo dos Deuses)

Gloria Swanson como Norma Desmond

Filme thriller noir de 1950 com direção de Billy Wilder, traz a Hollywood um primeiro olhar no espelho, mostrando a verdadeira cara da indústria cinematográfica da época. Sendo cada um de seus personagens a personificação dos defeitos da estrutura trabalhista das telonas. Ambientado na Los Angeles da década de 50, Joe Gillis é um redator endividado e sem inspiração que se vê a mercê de Norma Desmond, uma antiga estrela do cinema mudo perturbada pelo ostracismo em que sua carreira se encontra. Norma contrata Gillis para revisar um script de filme por ela escrito a cerca da história de Salomé. Menções sobre a transição do cinema mudo, com sua extrema teatralidade, para o então novo cinema onde diálogos são mais necessários do que cenas prolongadas, são feitas ao longo de toda película. Sets da Paramount são retratados mostrando de forma real a dinâmica do estudo, incluindo figuras famosas que interpretam a si mesmas, no filme, a exemplo do diretor Cecil B. DeMille. Sunset Boulevard trouxe a tona o lado desconhecido da indústria, resgatando as características do antiquado cinema mudo e as dificuldades que os artistas tiveram para adaptarem-se a nova conjectura do “negócio dos sonhos”.

Nuovo Cinema Paradiso (Sobre Cinema Paradiso)
Da esquerda para direita temos: Philippe Noiret e Salvatore Cascio.

Tendo como pano de fundo a  cidadezinha de Giancarlo, na Itália pós guerra, o filme se foca na vida de Salvatore di Vitto (Salvatore Cascio, Marco Leonardi e Jacques Perrin), o Toto, mostrando desde a sua infância problemática até sua maturidade, mas parando para explorar dois amores capazes de mudar a vida de milhares de pessoas (e falo até de mim, aqui): O amor ao cinema e aos amigos.  Por ser um lugar onde todo mundo se conhece e os boatos correm mais rápido (Como Caicó, por exemplo), era comum que os filmes do Paradiso fossem censurados pelo padre local para não causar “furor”, apesar de ser uma das poucas distrações da cidade (dessa vez, não é como Caicó). Isso fez com que Toto, mesmo sendo coroinha da igreja, frequentasse o cinema escondido do padre, fazendo dessa a única forma de, só por um momento, tirar os problemas da sua ainda jovem mente. Essa paixão o levou a conhecer o projecionista do cinema, um Alfredo (Philippe Noiret) um tanto zangado com esse menino insistente se metendo no seu trabalho, mas que acaba se rendendo ao que seria uma inesquecível história de amizade. É um filme italiano, de 1988, com Giuseppe Tornatore na direção e no roteiro.

The Artist (O Artista)
Jean Dujardin como George Valentin

The artist, de Michel Hazanavicius é um filme cuja própria existência levanta o interesse dos cinéfilos: o que um filme preto e branco mudo está fazendo lançando em 2011? E mais: como um filme desse tipo chegou a ser o-filme-que-eu-tenho-que-ver-porque-é-o-que-todos-estão-comentando? O filme foi bem acolhido pela camada mais “saudosista” dos apreciadores do cinema. Acho que isso já conta alguma coisa. Outra: o filme é recheado de pequenas “internas” que direcionam a outros filmes, que ganhou o publico cult. Além disso, apesar do filme ser francês e belga, o dinheiro investido para a execução do filme foi americano, o que explica o fato dele ter sido indicado ao Oscar em várias categorias e não ter sido escolhido pela França para ser seu representante na categoria de melhor filme estrangeiro.
O Artista trata da história de um ator do cinema mudo em declínio, George Valentin (Jean Dujardin), e uma atriz em ascensão, Peppy Miller (Berenice Bejo). O roteiro não tem nada de espetacular. É apenas um romance drama comum, que passado o frenesi do primeiro contato com o filme e sua estrutura vintage, não chama muita atenção. Quanto aos outros aspectos que chamam atenção do filme, ressalto principalmente a trilha sonora feita principalmente pelo Ludovic Bource, é simplesmente maravilhosa e é a alma do filme, por assim dizer.  Em suma, The Artist  é mais uma obra de saudosismo/homenagem à história do cinema. A homenagem ao cinema no filme se dá em todos os contextos. Desde o enredo à técnica. O filme é quase 100% mudo, com exceção da cena final. Também é completamente em preto e branco e, assim como Sunset Boulevard, lida com a não-aceitação de um astro do cinema mudo em aderir ao som nas telonas ao fim dos anos 20. Apenas quando o protagonista se rende ao cinema falado, ao fim da película, o filme se permite também exibir o áudio dos atores.

Hugo (A Invenção de Hugo Cabret)
Asa Butterfield como Hugo Cabret

Após 9 anos de colaboração, o diretor Martin Scorcese está sem Leonardo DiCaprio e cai nas graças do doce Asa Butterfield, que interpreta Hugo. Retratando a vida parisiense nos anos 30, Hugo é um garoto de 12 anos que vive por entre as sombras e esconderijos da estação de Paris e decide exercer a profissão do tio desaparecido, consertando e cuidando da manutenção de grandes máquinas e relógios. A morte do seu pai, no entanto, o põe em em frente a um autômato herdado por ele, e Hugo, naturalmente tomado pela curiosidade, vê no robô um estímulo para começar a fazer descobertas (para alívio dos telespectadores, diga-se de passagem).  A impressão que passa é que trata-se de um filme para crianças, mas vai muito além disso. A invenção de Hugo Cabret enfatiza o quão importante é preservar os valores humanos e artísticos do cinema. Essa preservação não se trata apenas de cuidar de obras de diretores, técnicos e artistas, mas também acaba nos dando uma chance de como se assistir, interpretar e ver filmes de várias maneiras. Em Hugo, há, mascaradamente, uma denúncia à queima de filmes a favor do esforço de guerra, destruindo todo o trabalho de George Méliès, um dos precursores do cinema, ultrapassando o mero aspecto da diversão ou do “filme de família”, para se engajar em uma luta contínua, que não é só dos cineastas, mas de todos aqueles que amam o cinema.

Aos amigos cinéfilos, principalmente aos que estão de férias e têm tempo livre, fiquem ligados nos posts da semana. Amanhã traremos curiosidade sobre o cinema, selecionadas e comentadas pelos colaboradores Ana Clara Monteiro e Túlio Araújo. O aniversário é do blog, a festa é nossa e a homenagem, é claro, ao cinema!

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Túlio Araújo
Sagitariano, quase Engenheiro Eletricista, com inclinações para o insult comedy, cantor frustrado, cinema, séries e fotografia. Hipocondríaco de gravidade exponencial. Escreve quando a universidade permite – por prazer e para se ver livre dos cálculos. Assina a coluna Set List.
Túlio Araújo

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Sagitariano, quase Engenheiro Eletricista, com inclinações para o insult comedy, cantor frustrado, cinema, séries e fotografia. Hipocondríaco de gravidade exponencial. Escreve quando a universidade permite - por prazer e para se ver livre dos cálculos. Assina a coluna Set List.

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ANTONIO NAHUD JÚNIOR
11 anos atrás

Desculpe-me pelo sumiço. Estava enrolado com o lançamento de dois livros.Mas já estou de volta!Parabéns pelo niver!

O Falcão Maltês

Lê
11 anos atrás

Olá! Adorei seu blog, muito criativo!Muito boas as escolhas para o aniversário, são todos excelentes filmes.
Também tenho um blog sobre cinema e gostaria que vc desse uma olhada. O endereço é: http://www.criticaretro.blogspot.com/ Passe por lá! Lê ^_^

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