Dentro da teoria, um filme de Stanley Kubrick deve, no mínimo, ser bom. Não foi o que eu vi em Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados, no Brasil). Com todo respeito ao Kubrick, é um filme meia-boca, completamente sem sentido.
Uma trama que começa com uma relação conjugal conturbada, passa por uma sociedade secreta para fins sexuais formada supostamente pela alta sociedade e acaba deixando sérios vestígios de ser um caso de esquizofrenia, estilo A Beautiful Mind, que narra a vida de John Nash. Não sei, mas não levei o filme a sério.
Apesar de uma trilha sonora extremamente bem encaixada, de uma forma milimétrica, eu diria, principalmente nos momentos de tensão ou adrenalina – o que sem dúvidas é espantoso num filme tão ruim -, e de ter Nicole Kidman, é um filme fraquinho pra figurar em algumas listas que vi dos melhores filmes da década de 90.
E antes que apareça alguém pra dizer que “o Kubrick morreu antes do lançamento do filme”, eu lembro que ele chegou a entregar a versão final do filme cinco dias antes de morrer. Assim sendo, esse filme é dele e é ruim – é claro, na minha opinião, o que implica apenas que não gostei e que ele pode ser bom pra você.
As interpretações de Tom Cruise e Nicole Kidman são razoáveis, ele um garanhão temeroso de ser traído pela esposa e ela uma piranha com momentos de puritanismo e peso na consciência. Gostei mais da Nicole, não por ser mulher, mas porque ela encarnou bem a personagem [um momento fantástico é no começo do filme quando eles estão transando e ela deixa transparecer o quanto não está com vontade de fazer aquilo].
Acho que é isso, no fim é possível salvar a trilha sonora de Eyes Wide Shut e, com um esforço maior, a atuação da Nicole. Fora isso pessoalmente não gostei, mas assistam e confiram. Dica: por não nos prendermos tanto ao filme, acaba sendo ideal para namorar.
Bacharel em Direito. Abecedista. Nas horas vagas escritor, divagador e mentiroso, tudo isso com uma boa dose de cinema e rock n’ roll – álcool só aos fins de semana. Assina a coluna “Opinião Formada”.