Set&Notas: Raul – O início, o fim e o meio

Cena do documentário, na qual Raul desenha um símbolo referente à Sociedade Alternativa

Um menino da Bahia e a descoberta da paixão pela música. Sociedade Alternativa. Magia negra. Drogas e álcool. Um amigo chamado Paulo Coelho, várias esposas para a lista e alguns filhos espalhados. O Maluco Beleza morreu aos 44 anos, mas viveu tempo suficiente para não só ser um dos pioneiros do rock brasileiro, mas também inserir seu próprio estilo no ritmo, uma mistura de rock com baião, sendo conhecido por suas letras místicas e contestadoras que foram imortalizadas nos corações de seus fãs e na própria história da música brasileira. Lançado nos cinemas em março de 2012, o documentário do cantor teve como diretores Walter Carvalho e Evaldo Mocarzel.

Por ter caráter informativo, Raul – O início, o fim e o meio não é recheado de efeitos técnicos e especiais nem traz novidades no quesito de direção de fotografia, câmera e arte, sendo um documentário feito para mostrar mais de quem já conhece Raul Seixas, porém, não deixando nada a desejar a quem está conhecendo o cantor pelo documentário. Com uma trilha sonora que mostra as influências de Raul Seixas,  busca a época de Raulzito e Seus Panteras e se estende até a carreira solo do artista, as canções do mito do rock brasileiro são mostradas entre uma entrevista e outra, sendo esse o ponto forte do documentário, pois traz várias imagens raras, depoimentos via Skype e relatos de amigos, parentes e mulheres que foram próximos a Raul, que nos prende e emociona, mostrando não só o autêntico músico que ele era, mas também um homem que cativava facilmente, um homem inteligente, porém sem limites e cheio de vícios, que ao morrer deixou um vazio onde antes estava o ídolo de uma multidão.

Os músicos Marcelo Nova e Raul Seixas, cuja amizade é abordada no documentário

Uma das entrevistas mais esperadas era a de Paulo Coelho. Foi preciso viajar até Genebra, na Suíça, para ter o depoimento do escritor. Durante seu relato, ficou surpreso ao ver uma mosca pousar na sua mão, ele mesmo afirmando que nunca tinha visto moscas em Genebra até aquele momento, fazendo com que o telespectador lembre-se, como uma mensagem subliminar, de um dos sucessos de Raul, “Mosca na Sopa”.

Trata-se de um bom documentário, mas excessivamente longo, visto que tem mais de duas horas de duração, e há um enfoque desnecessário na morte e decadência de Raul Seixas, trazendo um tom pesado ao longa, quando poderia abordar aspectos mais relevantes da carreira do cantor, como suas canções românticas, por exemplo, além de outros aspectos de sua personalidade. A obra de Raul é maior do que cabe em apenas um documentário, há mais a ser falado e mostrado, principalmente em relação à sua criação musical.

Raul Seixas e Paulo Coelho

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Clara Monteiro
Estudante de Enfermagem que se mete em letras, músicas e desenhos. Segue a filosofia de que a vida é muito curta para gastá-la com preocupações. Dificilmente algo conseguirá surpreendê-la. Lê tudo, assiste tudo, vê o lado bom de tudo. É editora deste site.
Clara Monteiro

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Estudante de Enfermagem que se mete em letras, músicas e desenhos. Segue a filosofia de que a vida é muito curta para gastá-la com preocupações. Dificilmente algo conseguirá surpreendê-la. Lê tudo, assiste tudo, vê o lado bom de tudo. É editora deste site.

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