Guia Pervertido do Cinema: ‘De Olhos Bem Fechados’, a última perversão de Kubrick

O Guia Pervertido do Cinema está de volta e com uma pergunta vinda dos lábios de Nicole Kidman, em “De Olhos Bem Fechados”: “Então, porque eu sou uma mulher bonita, a única razão de um homem querer conversar comigo é por que ele quer me comer? É isso que você está dizendo?”.

Como você responderia a essa pergunta? No filme é Tom Cruise que tem que se livrar dessa, o que nos leva a um dos dos melhores diálogos da história do cinema! Nicole Kidman é a beleza encarnada, e Kubrick sabia disso, tirando proveito dessa vantagem logo no primeiro plano de “De Olhos Bem Fechados”, que é de uma beleza ímpar: Nicole deixa seu vestido cair… Simples, perfeito, belíssimo. Esse é um filme para deixar os olhos bem abertos.

Nicole Kidman no primeiro plano de De Olhos Bem Fechados

Nicole não fala, ela declama suas palavras, há sempre uma adorável pausa na sua maneira de falar. E a maioria dos planos que a envolvem são de extrema beleza, sejam os que ela está vestida, os que está parcialmente vestida, ou os que ela não usa nada. E Kubrick não tem medo de se utilizar da beleza da atriz, pois há cenas em que a câmera percorre todo o seu corpo nu.

Ela interpreta Alice, casada com Dr.Bill, Tom Cruise, que sempre diz para todo mundo que é médico. Eles têm uma filha de uns 7 anos, chamada Helena. Uma curiosidade: Nicole e Tom eram casados na vida real na época. O filme começa com o casal indo a uma festa promovida por Victor Ziegler, interpretado pelo diretor Sydney Pollack, que é um cliente de Bill.A sequência da festa é extremamente importante, e Kubrick reserva bons minutos para ela. Todos os elementos da trama têm inicio nela, todas as interações feitas são relevantes, o resto do filme é a consequência dos acontecimentos da festa. Nela, os caminhos do casal se separaram, Bill foi cumprimentar o pianista Nick Nightingale, que era um velho colega de faculdade, mas Alice prefere ir ao banheiro. Separados, eles vão se interagir com personagens que querem fazer sexo com eles. Duas belas modelos dão em cima de Bill, de forma bem agressiva. Já Alice é paquerada por um húngaro, um tipo charmoso e galanteador, “Por que uma mulher como você, que poderia ter qualquer homem nesta festa, iria querer ser casada?”, ele a questiona. Bill ainda vai atender a um chamado do Ziegler, a garota de programa que estava com ele e que teve um tipo de overdose.

 

No dia seguinte à festa, o casal Alice e Bill vão começar a falar sobre os acontecimentos da festa e iniciam uma discussão, pois quando Alice comenta que o húngaro que estava dançando com ela queria fazer sexo, Bill diz que é natural, pois Alice é uma mulher muito bonita. Então a resposta dela é a pergunta que abre esse texto. Alice conta a Bill a “aventura” imaginária que ela teve com um marinheiro. Bill sai às ruas transtornado, e tem inicio a noite mais estranha da sua vida. A narrativa a partir desse ponto se parece com um sonho. Bill se torna o nosso guia e acaba nos mostrando pessoas pelo caminho, e Kubrick dá sempre destaque aos coadjuvantes. Várias mulheres aparecem, e é interessante notar que todas se insinuam sexualmente para Bill.

O filme não foi muito bem recebido no seu lançamento, muitos consideram uma obra inferior do Kubrick, como aqui mesmo no blog O Chaplin temos uma critica extremamente negativa dele (veja aqui), mas devo lembrar que quase todos filmes do Kubrick causaram polêmica em seus lançamentos, dividiam a critica, e com o tempo todos se tornaram clássicos, tanto que o diretor Martin Scorsese colocou “De Olhos Bem Fechados” como um dos 10 melhores filmes dos anos 90, ficando na 4° posição na lista do diretor. Scorsese diz que as pessoas vêm o filme de um jeito errado, diz que ele não deve ser levado literalmente, “é Manhattan em um sonho, onde as coisas podem parecer familiares, mas são muito estranhas”. Então, eu recomendo que se veja ou reveja esse obra-prima do diretor com um outro olhar.

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Jonathan De Assis
Acredita piamente que o Pink Floyd é a maior banda de todos os tempos e que ninguém canta melhor que o Robert Plant. Tem o Scorsese como ídolo máximo e sabe que ele transformará o DiCaprio no novo DeNiro. Com Goodfellas aprendeu as duas coisas mais importantes da vida: Nunca dedure seus amigos e mantenha a boca sempre fechada.
Jonathan De Assis

Jonathan De Assis

Acredita piamente que o Pink Floyd é a maior banda de todos os tempos e que ninguém canta melhor que o Robert Plant. Tem o Scorsese como ídolo máximo e sabe que ele transformará o DiCaprio no novo DeNiro. Com Goodfellas aprendeu as duas coisas mais importantes da vida: Nunca dedure seus amigos e mantenha a boca sempre fechada.

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