Em 1942 o mundo vivia um grande período de tensão, foi o ano que a maior batalha da Segunda Guerra Mundial teve início e havia muita agitação. Nessa época a propaganda de guerra era algo constante na vida das pessoas, inclusive das crianças.
Mais tarde, em 1943, Der Fuehrer’s Face (que na verdade deveria ser Donald Duck in Nutzi Land) ganharia o Oscar de melhor curta de animação. Mas o que esse desenho animado tem de tão excepcional?
Não, ele não foi feito para crianças, foi feito para crianças que mais tarde se tornariam adultos. Não era propaganda de guerra, eles estavam plantando uma semente. Quem contratou os Estúdios Disney para produzi-lo queria assegurar-se que as crianças da época não ficariam curiosas pelo nazismo.
E eles falam o tempo todo do Fuehrer, que era Hitler, mas os antagonistas formam uma banda que fala das “maravilhas” da Nazilândia, são eles Göring, Goebbels, Himmler, Mussolini e Hideki Tojo, todos líderes do movimento nazifascista da Segunda Guerra.
A animação foi produzida num intuito de ser realmente incômoda. A trilha sonora, originalmente lançada por Spike Jones e, adaptada por Oliver Wallace é perturbadora mesmo hoje, pessoalmente sinto uma agonia sempre que vejo o vídeo.
De qualquer forma, é inquestionável a maestria com que a animação é produzida, as sensações que ela transmite e a forma divertida como as coisas são ditas de uma forma suave, que mesmo tão clara parece subliminar. Acho que vale a pena ver e perceber o quanto, mesmo em uma animação infantil, o cinema pode servir a interesses outros.
Bacharel em Direito. Abecedista. Nas horas vagas escritor, divagador e mentiroso, tudo isso com uma boa dose de cinema e rock n’ roll – álcool só aos fins de semana. Assina a coluna “Opinião Formada”.